#152 Teresa Paiva - A Ciência do Sono
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José Maria Pimentel
Olá, sejam bem-vindos ao 45°. O meu nome é José Maria Pimentel.
O hate de dormir é tão essencial quanto comer ou respirar. E,
no entanto, tantas vezes o subestimamos ou relegamos para segundo plano nas
nossas vidas agitadas. Quem nunca disse algo do tipo, dormirei quando estiver
morto? Mas a verdade é que o sono é fundamental para a
nossa saúde física e mental e é dos pilares do nosso bem-estar.
Talvez até alguns de vocês, ao ouvirem este episódio, estejam a pensar
em quantas horas de sono conseguiram na noite anterior ou quantas gostariam
de ter tido. Para nos ajudar a compreender melhor a ciência do
sono, convidei a médica Tereza Paiva, que é a grande referência portuguesa
na área da medicina do sono e alguém que, como digo, logo
no início da nossa conversa, já a queria trazer ao 45° há
muito tempo. A convidada tem uma vastíssima investigação nesta área que alia
a uma grande experiência clínica. Falámos a propósito do seu livro mais
recente chamado O Meu Sono e Eu, Mitos e Factos. Na nossa
conversa, começámos logo com uma questão difícil.
Porquê é
que dormem, afinal, os seres vivos, desde os mais simples aos mais
complexos, e incluindo animais tão distantes de nós, evolutivamente, como os pólvores?
De seguida, mergulhámos nos mistérios dos ritmos circadianos, incluindo o estranho hábito
que havia na Idade Média de dormir dois sonos durante a noite.
Basicamente, as pessoas deitavam-se relativamente cedo, depois acordavam de madrugada, ficavam acordadas
durante algumas horas e voltavam-se a deitar até de manhã. Falámos também
dos desafios, estes bastante mais característicos da era contemporânea, de ser nótivago
no mundo dominado pelo paradigma matutino. Explorámos também os prós e contras
da cesta e os erros mais comuns que cometemos relativamente ao sono
e que comprometem quer a quantidade, quer a qualidade do sono que
dormimos. Mas será que esta é a principal causa das nossas dores
relativas ao sono? Ou será que a maior causa da nossa falta
de sono não são os nossos hábitos, mas sim problema maior, estrutural
dos tempos atuais? Uma epidemia, para usar a expressão da convidada, de
falta de sono causada por vários fatores da era atual, desde o
acelerar do ritmo da economia à overdose de estímulos por todo o
lado, desde a televisão aos ecrãs. A verdade é que as estatísticas
sugerem que é mesmo assim e que se dorme cada vez menos
no mundo desenvolvido, sendo que Portugal é caso particularmente agudo desta tendência.
A convidada, como disse, defende esta tese e certamente é verdade que
a maioria das pessoas devia dormir mais horas por noite do que
dorme de facto. Mas tentei aqui fazer pouco de advogado do diabo,
que é algo a que vocês já estão habituados no 45°. Há
várias razões que me levam a ter algum ceticismo em relação a
esta tese, embora concorde no geral. A principal é que, sendo o
sono uma necessidade tão básica, é preciso uma confluência particularmente grave de
vários fatores para que se crie na sociedade uma privação de sono
tão sistémica e tão aguda. Mas, enfim, isto é uma questão quase
de políticas públicas. Voltando à ciência do sono propriamente dita, desvendámos também
os mistérios das fases do sono, REM e não REM, e o
fascinante mundo dos sonhos que nunca deixa de nos fascinar e produzir
uma série de literatura desde a mais séria à aquela mais, digamos,
imaginativa. E para aqueles, eu incluído, que procuram formas de otimizar o
sono, perguntei também à convidada a sua opinião sobre os populares sleep
hacks, truques para dormir melhor, E até que ponto é que cada
deles realmente funciona. Esta foi por isso uma conversa recheada de conhecimento,
mas também de dicas práticas que todos podemos aplicar nas nossas vidas.
Por isso, acomodem-se bem na vossa cama, ou sofá, ou cadeira. Fechem
os olhos por instante e preparem-se para ser despertados para o fascinante
mundo do sono. Deixo-vos com Teresa Paiva. Doutora Teresa Paiva, muito bem-vinda
ao 45 Graus.
José Maria Pimentel
que a Teresa não respondeu, mas é uma reação perfeitamente legítima, porque
na altura, isso aconteceu com muita gente, porque na altura não existia
podcast, agora já existe. E portanto as pessoas ou já o conhecem,
em muitos casos, ou mesmo que não conheçam, conseguem ver o histórico.
Na altura não, portanto houve uma altura, no início, em que eu...
Quer dizer, dessas coisas, a pessoa quer lançar podcast, lembra-se de uma
série de temas e este tema era tema que já me interessava
na altura e eu fiz assim conjunto de convites, pá, uns 10
e houve umas 3 pessoas que aceitaram e foi o suficiente para
a coisa arrancar mas o que é engraçado...
Desculpa lá, mas
não me lembro de tudo Desculpa, estou a dizer isto porque é
uma história engraçada e sobretudo é uma história que liga a outro
aspecto importante para mim no 45 Horas que é o facto de
eu gostar de fazer episódios pré-anos, digamos assim, ou seja, que possam
ser ouvidos 5, 10 anos depois. E este tema é a prova
provada que isso é possível porque o episódio que nós vamos gravar
hoje vai ser basicamente o que teríamos gravado há seis anos, quer
dizer, com alguma investigação nova que tenha surgido e enfim, vamos assumir
que o anfitrião também tem algum traquejo que não tinha na altura
mas o resto é exatamente o mesmo, porque são temas que não
perdem qualidade.
Teresa Paiva
É uma espécie de super repouso. Portanto, os animais começaram por ter
períodos de atividade e repouso. E depois, portanto, é necessário sempre fazer
restabelecimento de funções. E para fazer restabelecimento de funções é necessário pausa,
não é? Portanto, o repouso são pausas. E os animais têm pausas,
quer dizer, as moscas pousam, os pássaros não andam sempre a voar,
é por aí fora. Nos animais aquilo foi tornado como super repouso
em que se faziam mais coisas do que parar. E, portanto, no
sono fazem-se coisas para além da paragem e do restabelecimento das funções.
Quer dizer, controla-se uma data de funções e regenera-se, não é? Portanto,
há controle, uma regeneração e uma inovação. Quer dizer, portanto, isso ajuda
sempre à sobrevivência. E essa é a grande vantagem dos animais, percebe?
Teresa Paiva
é? Os animais, parecidos com os nossos, garantidamente. Agora, poderia ser, era
diferente. O haver noite tem que ver mais com os ritmos circadianos.
E os ritmos circadianos existem nas bactérias. E existem praticamente desde o
início da vida na Terra. Portanto, as primeiras que se pensa, que
as primeiras bactérias que produziram ritmos circadianos chamam-se bactérias azuis, oceanobactérias, eram
azuis, e isto acontece quando ainda não havia oxigênio na Terra. E
essas bactérias azuis perceberam que, quando se multiplicavam durante o dia, apanhavam
o Sol de Chapa, não havia sombras, apanhavam o Sol de Chapa
e havia mitosos. Portanto, mitoso, a divisão corria mal. Então passaram a
propagar-se de noite. E esse pensa-se ser o primeiro ritmo circadiano que
existiu. E depois essas ditas cianobactérias terão feito duas coisas fundamentais, que
foi desenvolver esse ritmo circadiano e produzir oxigênio. Depois as plantas receberam
os ritmos circadianos e essa capacidade de produzir oxigênio a partir da
energia solar E nós ficamos com uma atmosfera cheia de oxigênio e
aí aparecem os animais que nós conhecemos à superfície da Terra. A
gente sabe muito pouco das profundezas do mar, não é? Mas os
animais que vivem à superfície da Terra e a algumas profundidades marítimas,
adotaram todos esse sistema de regulação circadiana, que assim resulta do movimento
de rotação da Terra e do dia e da noite.
José Maria Pimentel
Curioso. É que o dia e noite têm, para este efeito, uma
relevância dupla. Uma é essa, de impor ritmo circadiano nos seres vivos.
E a outra, quando falamos de espécies passivas de ser predadas, é
que às noites estão muito mais seguras, ou seja, uma gazela pode
dormir à noite porque à partida tem muito pouca probabilidade de ser
caçada, mas se não houvesse noite, daí a minha pergunta dá bocado,
se não houvesse noite isso já seria bastante mais difícil.
Teresa Paiva
Portanto, provavelmente de uma forma ultradiana, quer dizer, estavam acordados bocadinho, dormiam,
estavam acordados, dormiam, estavam acordados, dormiam, percebe? Portanto, iam dormindo aos bocadinhos.
Tinham sono ultrapolifásico.
Teresa Paiva
Quer dizer, nós todos os animais garantem a sobrevivência durante o sono,
portanto nós não perdemos todas as relações.
Sim, na verdade, claro.
Ficamos sempre a ouvir, deixamos de ver, mas ficamos a ouvir e
a ter a sensibilidade somestésica e, portanto, térmica e tátil, com certeza.
E, portanto, isso garante-nos alguma forma de sobrevivência, não é? Se entrar
ladrão, a gente acorda. Claro, claro, sim, sim.
Teresa Paiva
Sim, pois. Portanto, o nosso sono é muito parecido ao dos outros
animais. Nós temos a mania que somos diferentes, mas somos muito parecidos,
sabe? E essa é uma noção que eu gosto de explicar. Nós
partilhamos com as galinhas 40% dos genes, com as leismas, outros tantos,
40%. Com os macacos mais diferenciados, os chimpanzés e etc., 98%. Portanto,
está a ver, É evidente que 2% fazem uma grande diferença. Nós
temos sono muito parecido com os outros animais homeotérmicos.
Teresa Paiva
Pois, os animais sanguentos. Portanto, nós temos sono muito parecido com as
aves e com os mamíferos. Achava-se que os moluscos, os répteis, etc.
Não tinham sono REM e que o sono REM só apareceu com
as aves e com os mamíferos, que nós temos, não é? Mas
de facto, agora em coisas muito recentes, isso é que é muito
recente mesmo, percebeu-se que os polvos sonham e que há lagartos que
têm sono-reme. Portanto, quer dizer que eles sonham, não é? Os sonhos
são… Como é
Teresa Paiva
caminho oposto, pois. Mas pronto, mas isso não está de forma alguma
provado. Mas, portanto, o nosso sono é muito parecido com o dos
outros animais. A única diferença é que na idade adulta temos, teoricamente,
sono monofásico. Mas isso, em termos de evolução das civilizações na Terra,
só apareceu com a Revolução Industrial e, portanto, aparentemente, nós tínhamos sono
bifásico e dormíamos a cesta. Aliás, há quadros de Van Gogh, etc,
que se chamam a cesta, não é?
José Maria Pimentel
Sim, sim, sim. A cesta é conhecida, mas essa investigação, e eu
ia lhe perguntar sobre isso também, é curiosa porque o que sugere
é mais do que dormir a cesta, que é no fundo... Dormir
a cesta é sono bifásico, mas é sono com uma grande porção
dormido à noite e depois uma espécie de acrescento durante o dia,
não é? Mas o que essa investigação histórica propõe é que, historicamente,
nós dormíamos sono bifásico, quase 50-50, em que, e se eu estou
a contar isto bem, basicamente as pessoas iam se deitar relativamente cedo,
bastante mais do que nós, ou seja, o pôr do sol, Dormiam
umas, sei lá, 4 horas, depois acordavam e estavam ali 2, 3
horas
a acordar.
E depois voltavam a dormir
José Maria Pimentel
3, 4 da manhã. Sim, por acaso, era uma pergunta que eu
tinha porque eu tenho amigo com quem estava a falar sobre este
episódio que tem exatamente esse, enfim, eu ia dizer problema, mas tem
essa característica e eu até andava a chateá-lo por ele ser visto
porque ele acorda todos os dias, a meio da noite, acorda, não
é para ir à casa de banho, acorda e depois fica acordado,
sei lá, uma hora e ele até começou, por exemplo, a ouvir
podcast por causa disso para se entreter mais ou menos, mas se
calhar aquilo é uma coisa natural.
Teresa Paiva
Quer dizer, não é dramático, tem que saber se ele tem alguma
razão para acordar ou não, não é? Mas há pessoas que acordam
e podem fazer qualquer coisa útil, nessa altura antigamente faziam, conversavam uns
com os outros, tinham sexo, faziam essas coisas assim e depois voltavam
a dormir. Ou faziam as orações. Ainda há muito nos mosteiros, percebo,
quer dizer,
Teresa Paiva
Pois, provavelmente as curvas que fizeram atualmente da produção de melatonina são
feitas em ambientes experimentais e não são feitas nas casas das pessoas,
em grandes números de pessoas, Está a perceber? Portanto, a curva que
se tem de evolução da melatonina é uma curva em que a
melatonina começa a ser produzida por volta das 7, 8 da noite
e depois tem pico às 4 da manhã e depois começa a
descer até a gente acordar. Nós não produzimos melatonina durante o dia,
não é? E a temperatura do cérebro tem uma evolução diferente, oposta,
não é? Portanto, quando o máximo da melatonina é o mínimo da
temperatura cerebral e depois na temperatura cerebral, quando chega à hora da
cesta, há outro mínimo relativo. Portanto, isso é que é o ritmo
circadiano da cesta. Portanto, eu acho que, pelo menos eu não tenho
conhecimento, que esta coisa do primeiro e do segundo sono tenham sido
estudados assim de uma forma...
Teresa Paiva
Não, isso, quer dizer, quando se está privado de luz vai-se sempre
adormecendo mais tarde, está a perceber? Portanto, vamos tendo sempre o nosso
ritmo circadiano, não é 24 horas, é 24 vírgula qualquer coisa. Em
algumas pessoas chega a 25 horas. Portanto, se você tiver privado a
luz solar, todos os dias vai atrasar, vai ser desfazamento por causa
da duração do seu período circadiano. Portanto, é isso que acontece quando
está às escuras.
Sim, curioso.
Portanto, a pessoa tem o seu próprio ritmo. Mas isso quer dizer
que nós temos ritmos biológicos que são uma enorme vantagem e que
as bactérias azuis também têm e as árvores, as plantas também têm.
Têm ritmos biológicos independentes do ciclo de luz ao longo das 24
horas. E isso dá-lhes uma vantagem biológica muito importante, porque eles se
autoregulam a si próprios, percebe? Portanto, têm uma maior adaptação a variabilidades.
José Maria Pimentel
Sim. Já que estamos a falar de ritmo circadiano, se liga a
outra coisa que eu lhe queria perguntar que tem a ver com
o nosso chamado cronotipo. E isso é tema que eu suspeito que
não existe exatamente consenso, porque ouve-se muito falar de diferentes cronotipos, às
vezes pessoas serem mais notívagas ou mais matutinas, mas, por outro lado,
Dircia, quer dizer, estando o nosso ritmo circadiano, ou sendo ele à
partida influenciado pelo Soplo, mas até certo ponto, deveria haver uma certa
uniformidade cronotipo. O que é que diz a investigação? Há mesmo cronotipos
diferentes?
Teresa Paiva
E ficar de vigia, etc. Para aí fora. Portanto, a grande variabilidade
dos seres vivos entre si, a grande variabilidade interindividual, é uma enorme
riqueza. E eu digo-lhe isto e insisto nisso porque Os pais das
crianças têm que ensinar que quando têm menino na escola que é
diferente dos outros, isso é uma riqueza, não é para fazer bullying
ao menino, percebe?
Sim, sim, exatamente.
A riqueza da variabilidade é uma riqueza, todos os ecossistemas sustentáveis têm
uma grande variabilidade E quanto maior é a variabilidade do ecossistema, mais
sustentável ele é. Portanto, a gente tem que perceber que ter meninos
diferentes na escola, ou são mais pequeninos, ou mais gordos, ou mais
brancos, ou mais pretos, ou mais espertos, ou mais burros, ou mais
isto, ou mais aquilo, ou mais não sei o quê, é uma
enorme fantasia. E o bullying nas escolas, que é muito frequente, é
feito exatamente por causa das diferenças. E isso é fomentado, quer dizer,
a gente está sempre contra as diferenças.
José Maria Pimentel
Sim, o nosso lado tribal tem os dois lados, é curioso, não
é? Tem o lado de procurar a diversidade, porque precisamos dela, sobretudo
nesse ambiente de tribo, mas por outro lado, essa poluição pela homogeneidade
de grupo que depois gera e que está muito ativa, é muito
engraçado se a pessoa olhar para trás, na nossa vida, o período
em que esse lado tribal teve mais ativo foi precisamente quando andávamos
na escola. Aquilo é ambiente ultra-grupal. Sim, mas não é bom de
apreceber. Ao contrário, por isso é cáminho de discussão.
José Maria Pimentel
De facto faz todo sentido que nós tenhamos cronótipos diferentes à luz
dessa explicação, mas isso não elimina, infelizmente, o problema de pessoas que
sejam, por exemplo, nótivagas e vivem desfasadas do resto do mundo e
numa espécie de bullying para a escola, não é? Porque uma pessoa
que seja... Por exemplo, o meu ritmo, é difícil dizer isso muito
bem, mas o meu ritmo natural não é ritmo de acordar às
7 da manhã, não é ritmo muito nótivago, ou seja, seria acordar
às 10 ou 11, não é? Mas significa que é esforço para
mim a viver no... Mas a minha mãe, por exemplo, é no
activo H sério, e a minha avó também era. Curiosamente, vou à
paterna, portanto, há uma confluência genética aí. Quer dizer, para elas era
difícil, quer dizer, é esforço permanente a viver no horário do resto
do mundo.
Teresa Paiva
Ainda me lembro, agora com a idade fica-se bocadinho mais matutino. Mas
já lhe explico o que é que faço. Mas eu lembro-me de
estar a apanhar o autocarro no Recil, não é que apanhei o
autocarro no Recil, foi ao liceu, faz quando, dez anos, doze anos,
e a pensar, já vou chegar tarde, não sei se está a
ver.
Claro,
claro. Porque aquilo já é complicado desde essa idade. Foi muito complicado
no início da vida hospitalar, porque eu não era capaz de lá
chegar às oito e meia. Claro, claro.
Teresa Paiva
de estresse. Claro, não era capaz. E não fazia, não chegava. Saía
mais tarde, mas isso era uma crítica permanente que me faziam, porque
eu não chegava a horas. Embora estivesse muito mais tempo que os
outros, porque saia muito mais cedo. Portanto, essa parte foi uma parte
que eu aguentei como crítica durante a minha vida profissional hospitalar. Depois
mais velha, tanto não, mas quando era, sei lá, até aos 30,
40 por aí. Agora, quer dizer, depois assumi-me claramente como coisa e
recomendo. A gente nunca deve estragar o nosso cronotipo.
Pois.
Portanto, o nosso cronotipo, quer dizer, as pessoas matutinas são pessoas bastante
mais executivas, mais ativas, etc. As pessoas noctívagas são mais criativas, geralmente.
E portanto têm uma maior criatividade e têm maior risco de depressão.
Portanto, as pessoas noctívagas. Mas quando se fala em noctívago tem que
se estabelecer limite. Quer dizer, para já nós temos horários muito tardios
comparado com os restantes pobres da Europa e mesmo do sul da
Europa. E depois temos, para além desses horários tardios, temos horários muito
matutinos, quer dizer, tudo começa cedo.
Teresa Paiva
E, efetivamente, o que acontece e atualmente aqui em Portugal, Os jovens
agora, quer dizer, começam a distrair-se, a ir para a discoteca à
uma, duas da manhã, o que é uma coisa completamente disparatada. Portanto,
quer dizer, há uns limites do bom senso. Quer dizer, uma pessoa
noctídega deita-se para volta da meia-noite, uma da manhã. Tudo o que
seja depois das duas da manhã já é patológico, já tem uma
doença. Está a perceber? Portanto, quem se deita depois das duas da
manhã tem aquilo a que se chama atraso de fase