Bónus: recap da temporada & perguntas dos ouvintes

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José Maria Pimentel
Olá, bem-vindos ao 45°. O meu nome é Diana Gui. Estavam à espera de outra voz, não era? Sou eu que trato a comunicação do podcast e por isso costumo estar mais na retaguarda. Mas hoje ligo eu o microfone para fazer aqui umas perguntas ao Zé Maria, neste episódio especial de final de temporada. Hoje vamos falar de algumas das conversas mais marcantes do último ano e responder também a algumas perguntas vossas que nos fizeram chegar através das redes do 45 Graus. Vamos lá? Mas antes disso, temos aqui uma novidade.
recap da temporada & perguntas dos ouvintes
É verdade, provavelmente quem ouvir isto já apanhou nas redes sociais do 45 Graus que já saíram as novas datas dos workshops de pensamento crítico que são a realizar em setembro. Vai haver sessões em várias cidades, em Lisboa, em Coimbra, no Porto e em Braga e ainda duas sessões online, por isso visitem ou as redes sociais do podcast ou o site 45grauspodcast.com para saber mais sobre os workshops e sobre como se podem inscrever. Atenção, inscrevam-se rápido porque cada sessão tem o limite de 20 pessoas, que é de 15 no caso das duas sessões online.
José Maria Pimentel
Primeiro vamos então falar dos episódios que mais te marcaram nesta temporada. Quais queres destacar?
recap da temporada & perguntas dos ouvintes
Ora bem, eu quero destacar ao todo nove episódios e isto não é uma lista de melhores episódios da temporada até porque todos os episódios que eu publiquei são bons episódios, ou não os teria publicado e acho que trazem coisas diferentes e podem marcar as pessoas de maneira diferente. Estes são nove episódios que me marcaram, que me trouxeram alguma coisa, que de alguma forma ficaram mais na memória por razões que têm que ver em alguns casos com o convidado, em outros casos com o tema e em outros casos com algum aspecto subjetivo. E são, como vou ver, episódios muito diferentes. Eu vou elencá-los com ordem porque saíram, portanto, começando pelo mais antigo de todos que na verdade foi o primeiro episódio da temporada, o episódio com a Luísa Lopes, neurocientista, que não é propriamente uma pessoa, enfim, muito conhecida no sentido de ser reconhecida na rua e portanto a maior parte de vós provavelmente não reconheceram o nome mas foi daquelas convidadas, daqueles convidados que saíram muito melhor do que encomenda porque mostrou não só que era uma pessoa que conhece muito bem aquela área, enfim essa parte não foi uma surpresa, mas dentro disso, uma pessoa que está muito à vontade com a área mais vasta, portanto eu fazia-lhe perguntas que não estavam estritamente ligadas à área de investigação dela e ela tinha uma grande facilidade, e sobretudo mostrou que era uma grande comunicadora. E tem dom que é raro e que eu estou sempre à procura em convidados do 45°, que é ser claro, mas não ser simplista. Portanto, foi ótimo episódio nesse sentido. Outro episódio marcante que eu não podia deixar de referir foi o episódio que gravei ao vivo no festival Fólio, em Óbidos, com o Ricardo Urges Pereira e o Daniel Oliveira, sobre liberdade de expressão, enfim, que é destes temas que inflamam paixões e arrastam multidões, pelo menos como se viu ali, porque a sala estava cheia. E foi episódio em que eu estive bastante mais calado do que o normal, porque girou-se rapidamente debate entre os dois, que foi interessante de ouvir. Eu tive alguma pena de que a minha tentativa de enquadrar melhor a discussão, até fugindo de alguns equívocos que às vezes existem em relação a alguns termos que são usados neste debate, não tenha tido o sucesso que eu estava à espera, mas isso não significa que a conversa não tenha sido interessante, porque, enfim, são duas pessoas que quando falam tornam qualquer tema muito interessante e portanto não tenho a certeza que se tenha feito grande progresso relativamente a consenso, mas foi claramente episódio marcante desta temporada. Outro episódio que me marcou a mim pessoalmente foi dos dois episódios desta temporada que eu fiz com convidado estrangeiro, Neste caso o episódio com o Dale Martin, que é historiador do Novo Testamento, que eles nos Estados Unidos chamam New Testament Scholar, e foi episódio sobre tema que eu tinha algum receio que fosse de nicho, enfim, a história do cristianismo e do Novo Testamento, mas acabei por perceber que havia muitas pessoas interessadas e até interessadas ao ponto de terem ido ver no YouTube a cadeira que ele tem de Yale, se eu não me engano, rodada para aí há 10 ou 12 anos, mas que, enfim, nestas coisas, não envelhece propriamente. E houve imensas pessoas que me disseram que tinham ido ouvir as aulas dele, que estão online, e eu recomendo as aulas dele. E já agora do outro académico conhecido à área, que é o Bart Ehrman, que também tem conteúdos muito interessantes que são facilmente disponíveis. E já agora, até aproveito para partilhar, houve uma pergunta que eu lhe fiz e que eu já não lembro exatamente o que ele respondeu, mas a resposta não foi muito esclarecedora, que eu depois vim a esclarecer mais tarde, enfim, por outra via, e percebi que partia de equívoco meu. E aquilo tinha que ver com o célebre Sermão da Montanha de Jesus, em que ele parecia fazer uma espécie de inversão retórica à meio, porque a lógica do Sermão da Montanha é toda dizer, existem estes mandamentos da Lei Judaica e vocês devem ir ainda mais longe, ou seja, há o mandamento de que não deves agredir o teu vizinho e não só não deves agredir como deves dar a outra face. E a certo ponto parecia-me que ele fazia uma inversão, porque ele diz, eu gosto de citar diretamente a tradução do Frederico Lourenço, ele dizia ouvistes que foi dito, olho por olho, dente por dente, mas eu digo-vos que não vos oponhais a quem vos faz mal. A quem te bater na face direita, vire-lhe também a outra face. Ora, aqui parecia pouco lógico porque o olho por olho, dentro por dentro, parece ser uma coisa agressiva e portanto ela não está a ir mais longe do que a lei judaica, parece estar a inverter a lei judaica. Só que eu depois percebi que provavelmente não sou a única pessoa a fazer esta interpretação errada, que esta expressão de olho por olho, dente por dente, que nós, acho eu, a maior parte de nós, tomamos significando uma coisa ultra agressiva, não é? Como uma espécie de... Uma visão implacável da justiça, em que quando alguém faz alguma coisa tem uma resposta completamente proporcional, independentemente de poder não ter sido de propósito, por exemplo, portanto olho por olho, dente por dente, como foi feito, eu vou fazer da mesma forma, nesta altura tinha exatamente o propósito contrário, que era olho por olho, dente por dente, ou se há agressão, for por exemplo tirar o olho a alguém, a resposta não deve ser maior do que tirar o olho a outro, ou seja, não deve ser matar o outro. Portanto, isso tinha exatamente o intuito oposto. E portanto, aqui no discurso de Jesus, neste caso, faz sentido, porque ele está a dizer existe esta recomendação da lei judaica que diz não tires mais do que olho a quem te tiram olho e ele diz é não tires sequer o olho da outra face a quem te agredirem. Enfim, para quem tiver ouvido o episódio, provavelmente vão se lembrar desta parte. Outro episódio sobre história que vale a pena destacar foi o episódio com o Bruno Cardoso Reis, o episódio 138. E vale a pena destacar porque ele merece elogio pelo seguinte. Normalmente os episódios são sobre uma área de especialização ou de experiência do convidado. E em muitos casos até sobre livro que a pessoa convidou. Neste caso do episódio com o Bruno Cardoso Reis, eu desafiei-o para falar especificamente daquele tema, que era basicamente a gênese da União Europeia, com o chamado plano Schuman, que é tema que, enfim, está dentro da área de especialização dele e da história das relações internacionais em particular, mas não é especificamente a área que ele estuda. E ele não só aceitou, como depois mostrou, como vocês percebem ao ouvir o episódio, que está muito à vontade naquele tema e é episódio ultra interessante e, portanto, merece esse elogio. Outro episódio muito interessante foi o episódio do Nuno Barbosa Moraes, o episódio 140, que é episódio que tem uma história engraçada porque ele começou, de certa forma, no dia em que eu gravei o episódio com a Luísa Lopes, que referi à pouco, porque eles lá no Instituto de Medicina Molecular têm uma espécie de encontro de fim de tarde e convidaram-me para estar lá com eles e entretanto já nem sei como comecei a falar com o Nuno, percebi que ele era ouvinte do podcast, percebi que ele tinha interesse comum comigo na questão do pensamento crítico e sobretudo que tinha uma visão muito informada em relação a esse tema e muito idiosincrática mas com base na experiência dele científica, portanto, cobrindo uma série de temas ou tópicos que eu ainda não tinha coberto ainda no podcast. E portanto, desafiei-o para o podcast, ele inicialmente até estava com algumas dúvidas, mas depois aceitou, portanto, acho que fiz bem em insistir, e deu episódio, na minha opinião, excelente, e em relação ao qual já tive vários feedback de ouvintes, entre os quais dos dois convidados de outro episódio que eu queria destacar que é o Vítor Hugo Teixeira, que juntamente com o Pedro Carvalho fizeram episódio duplo sobre nutrição, que era tema que eu queria há muito tempo trazer ao podcast, porque é tema, enfim, relevante, mas ao mesmo tempo que é muito difícil encontrar alguém que não tenha uma agenda, né? E depois é tema que se presta muito a simplismos, eu acho até que nós, até a nossa psicologia é perniciosa nesse sentido, porque todos nós, acho que não sou caso único, A todos nós nos acontece ter lido qualquer coisa em tempos, ficar com factoide qualquer nutricional ou relativo à saúde na cabeça, que, sei lá, não se pode comer mais do que dois ovos por dia. Então fazemos o resto da nossa vida à luz daquele factoide, que muitas vezes pode não ser falso, mas no mínimo é simplista. E portanto, o episódio do Nuno Barbosa gerou uma conversa com o Vitor U, que depois trouxe o Pedro e deu este duplo episódio ótimo, e que na verdade foi, eu acho que por uma margem grande, bastante confortável, claramente o episódio, os dois episódios da temporada que tiveram mais feedback, tiveram grande feedback de ouvintes, sobretudo nas redes sociais, o que também foi muito bom. Gostei muito de gravar também o episódio com o Carlos Guimarães Pinto, que enfim, foi o episódio mais político da temporada. Eu acho que era até episódio que se encaixaria bem naquela série de orientações políticas que eu fiz aqui há uns anos. E gostei muito de gravar com ele, sobretudo porque o Carlos é, enfim, na política uma pessoa rara, no sentido de ter uma grande abertura de ideias e honestidade intelectual, não deixando de ter as ideias dele, que são, como quem ouviu o episódio, muito vincadas. Mas tem essa abertura, quer dizer, e tem sobretudo essa honestidade, que é uma característica em comum. E a memória mais marcada que me ficou desse episódio foi no final, quem ouviu deve lembrar-se dessa parte, quando ele está a falar contra impostos altos sobre o rendimento, alegando que isso impede a mobilidade social e eu lhe perguntei se então na sequência desse raciocínio ele seria a favor de imposto pesado, quer dizer, de imposto significativo sobre heranças. E ele não disse que sim, não disse que era exatamente a favor, mas deu uma resposta muito honesta sobre o tema, portanto, se não o tiverem ouvido, recomendo que ouçam. Episódio muito diferente, mas que também marcou, foi o episódio com o João Zilhão sobre Neanderthals, que é aparentemente tema de nicho, eu aliás até tive algum receio em trazê-lo porque imaginei que pudesse diminuir a média de ouvintes por podcast, mas ele, o João, tornou interessante eu acho por duas razões, primeiro porque ele é ótimo comunicador, e isso faz toda a diferença, bom comunicador que saiba sobre uma determinada área, eu acho que pode tornar qualquer tema interessante, sobretudo para curiosos como eu, mas também porque a proposta que ele tem, quer dizer, a visão que ele propõe para os Neandertais e a relação entre os Neandertais e os Sapiens é exemplo prático de pensamento crítico e é tipo de abordagem, enfim, conceptual, tipo de maneira de pensar que eu acho que tem pontos para uma série de outras áreas porque tem muito a ver com a maneira como nós olhamos para as coisas e alguns simplismos em que nós caímos sem dar conta. E finalmente, os dois últimos episódios que queria destacar é o episódio com a Raquel Vaz Pinto, que foi uma repetente no podcast e esteve, como sempre, em grande nível, neste caso a falar sobre a rivalidade crescente, enfim, que vai marcar claramente as relações internacionais entre a China e os Estados Unidos. E finalmente, o episódio do Nuno Garopa, o mais recente desta lista, que é outro repetente, também sempre em grande nível, e para mim foi sobretudo muito útil para perceber melhor o sistema de justiça, porque não sendo jurista, a arquitetura do sistema judicial ainda tinha alguns mistérios para mim. E esse episódio foi muito útil para perceber isso melhor e teve até uma utilidade, enfim, prática recentemente para compreender melhor todo aquele caos que se gerou nas buscas na casa de Rui Rio. E portanto são os nove episódios que eu destaco esta temporada de novo. Não são os melhores episódios, mas são nove episódios que marcaram muito esta temporada.
José Maria Pimentel
Agora vamos às perguntas dos ouvintes, e são várias. Rita Antunes pergunta, que temas ou convidados podemos esperar nos próximos episódios?
recap da temporada & perguntas dos ouvintes
Agora, esta é uma pergunta que deve estar na cabeça de muita gente. Vou responder à Rita em três partes. Episódio que está gravado, alguns convidados que estão na calha, ou seja, já estão, enfim, apalavrados, mas não estão ainda agendados, e alguns temas que eu gostava de vir a gravar e que até agradeço se tiverem sugestões de convidados concretos. O episódio que já está gravado e que há de sair logo em setembro é episódio com o Pedro Domingos, que é professor nos Estados Unidos na área da inteligência artificial e que tem livro chamado O Algoritmo Mestre. E falámos, claro, sobre inteligência artificial e sobre o GCPT, enfim, tudo aquilo que na inteligência artificial tem dado muito que falar nos últimos tempos, já estava na altura de eu trazer este tema de volta ao podcast. E depois, como disse, tenho várias pessoas apalavradas para vir ao podcast, umas mais conhecidas do que outras, Tenho conjunto de três convidados que lançaram projeto muito interessante na área da ciência. Tenho o Fernando Venâncio, linguista e que tem livro muito interessante sobre a origem da língua portuguesa. Tenho também este bastante mais conhecido, o Gregório Duvivier, que só falta combinar uma data dia destes que ele venha a Portugal. Tenho também o Pedro Mechia, que já a convidei formalmente há muito tempo e só falta mesmo combinarmos uma data. E hei também de gravar com o escritor ou uma escritora em Braga no Festival Utopia, onde vou estar no final de novembro. E depois, finalmente, há uma série de temas que eu gostava de abordar. É a administração pública, que parece tema bocado árido, mas é tema muito relevante e gostava muito de trazer alguém para o podcast que conhecesse a maneira como está evoluindo a administração pública, como é que ela se compara com outros países, que reformas é que deviam ser feitas, enfim, é tema que faz falta no podcast e já falei várias vezes de empresas e já falei com alguns convidados de empresas mas não com alguém da administração pública especificamente. Relacionado com isto, não sendo estritamente a administração pública, gostava também de fazer episódio sobre o SNS para falar da crise do SNS mas sobretudo uma perspectiva mais estrutural de lá está, como é que se compara com outros países, desafios de fundo, desafios que são específicos a Portugal e outros que são transversais, reformas que devem ser feitas, enfim, é tema que está muito na ordem do dia, É tema também que se presta alguma ideologia, portanto até provavelmente vai ser episódio com mais de convidado. Até porque me têm enviado livros de editoras e têm saído vários sobre este tema nos últimos tempos. Outros dois temas que gostava muito de trazer ao podcast, estes mais práticos, é planeamento urbano, por razões óbvias, é tema cada vez mais importante, e transição energética. Eu já fiz episódio sobre alterações climáticas com o Filipe Duarte Santos, aqui há três ou quatro anos, mas claramente é tema que tenho que retomar e sobretudo com este foco específico da transição energética, quer dizer, de soluções práticas, de quais são as soluções mais promissoras, que desafios é que ainda existem, era tema que claramente eu queria abordar. E finalmente, gostava também de gravar episódio com ou uma psicotrapeuta, ou seja, alguém de psicologia, mas sobretudo com uma prática clínica, não só com o saber académico, digamos assim, que é importante, obviamente, que sou insuspeito de achar que não é, mas que tenha a experiência prática de clínica e que ao mesmo tempo seja bom a comunicar e a traduzir essa experiência em conhecimento aplicável, conhecimento útil para a vida das pessoas. Por isso, Se tiverem sugestões de convidados em relação a qualquer destes temas, agradeço imenso. E já sabem, se tiverem outras sugestões de temas e outras sugestões de convidados, mandem à vontade, seja através das redes sociais, seja através do e-mail do podcast.
José Maria Pimentel
Ora bem, Nuno Silva, no Instagram, sugere aqui alguns nomes de convidados. Algum que tenha faltado na resposta anterior?
recap da temporada & perguntas dos ouvintes
Ele sugere vários, de facto, obrigado Nuno. São muitos, por isso não vou lê-los todos aqui, mas há dois sobretudo que têm grande probabilidade de vir ao podcast, assim eles aceitem. É o Rui Costa, neurocientista, que já há algum tempo tenho pensado em convidar e outro é o António Damasio, que dispensa grandes apresentações, neurocientista também, e que eu há muito tempo quero trazer ao 45° e enfim, espero que ele aceite.
José Maria Pimentel
Temos aqui mais uma pergunta da Joana Silva. Por que não episódio por semana em vez de quinzenal?
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Ora, Joana, essa é uma pergunta que me fazem várias vezes e basicamente a resposta é que o podcast não é a única coisa que eu faço e portanto tenho, enfim, tento dedicar uma porção razoável e sobretudo estável no meu tempo ao podcast, mas que não deixa de ser limitada e ao mesmo tempo eu gosto de preparar cada episódio bem e acho que, enfim, talvez o principal que distingue o 45° é a preparação. E não é só por isso, é porque para mim é o que torna também esse exercício interessante e se fizesse semanalmente, pelo menos nesta fase, teria de abdicar da preparação que faço atualmente. Portanto, A resposta curta é, para manter a qualidade, é melhor manter 15 de senado.
José Maria Pimentel
Ana Paiva, para quando episódio ao vivo?
recap da temporada & perguntas dos ouvintes
Ora, outra pergunta que me fazem várias vezes. Na verdade eu já fiz episódios ao vivo, o episódio de Óbidos com o Daniel Oliveira e o Ricardo Eurospereira foi ao vivo. Aquele episódio vou gravar também, como disse no início, episódio em Braga no Festival Utopia em novembro, mas pronto, não são episódios ao vivo puros, no sentido em que estão associados a outro evento e gostava de fazer de facto episódio ao vivo do 45° especificamente. Tem-me faltado tempo basicamente, mas se houver algum ouvinte que tenha alguma sugestão concreta de local ou que eventualmente até esteja ligado a algum sítio, esteja à vontade porque, enfim, pode ser uma maneira de tornar isso prática.
José Maria Pimentel
Mais uma pergunta da Treza Esteves. Quando gosto de episódio, fico com pene de que termine. Porque não episódios ainda mais longos, como acontece com alguns podcasts americanos?
recap da temporada & perguntas dos ouvintes
Pois é interessante porque para algumas pessoas, eu diria para muitas pessoas, os episódios do 45° são longos, porque são episódios... Não sei, a média deve andar em torno da hora e meia, mas de facto se nós compararmos com alguns podcasts sobretudo americanos vemos que tem episódios que normalmente andam em torno das três horas e alguns tendem-se mesmo para lá disso, o que é engraçado porque, aliás, ainda recentemente no Almoço com algumas pessoas falávamos disso, até porque eles tinham sido entrevistados por podcast americano desse tipo, e eles contavam uma coisa engraçada que a partir da hora e meia, quer dizer, hora e meia é obviamente que a simplicidade é variável, mas quer dizer, a partir do momento em que a conversa já vai longa, a pessoa tem bocado aquele efeito tipo reality show em que perde a noção de que está a ser gravado e, portanto, liberta-se completamente. E eu, de facto, percebo que isso acontece em podcasts mais longos e até era lado que eu gostava de experimentar. Eu já fiz isso uma ou duas vezes, ou seja, já tive conversas mais longas que depois dividi, mas por norma tento manter em torno de uma hora e meia, enfim, para estar em linha com os nossos hábitos de audição, porque nós não temos, por exemplo, o chamado commuting, como existe nos Estados Unidos, ou seja, a deslocação casa-trabalho ou casa-universidade ou casa-o que for, é mais curta aqui do que é em países como os Estados Unidos, para a pessoa média, e portanto uma pessoa não tem tempo para ouvir episódio de três horas mesmo que o corte às partes e os episódios de podcast estão feitos para serem ouvidos às partes, aliás, isso é uma das coisas que as pessoas que não estão habituadas a ouvir podcasts estranham, é que é mesmo suposto não ouvir a hora e meia de uma vez, mas ouvir três horas de uma vez ainda era mais complicado, mas era uma coisa que eu gostava de experimentar e enfim, eu percebo a pergunta. E já agora, para aqueles que acham mesmo a hora e meia muito longa, não se esqueçam que tem a cada episódio os timestamps, ou seja, as marcas, os marcadores de tempo, que permitem saltar de tema para tema ao longo do episódio. Se quiserem ouvir tópico mais do que outro podem passar à frente e parar exatamente ao momento em que esse tópico é discutido. E já agora relacionado com isto no sentido em que foi outra edição deste ano, não se esqueçam que também têm no site, se quiserem, as transcrições dos episódios feitas por Inteligência Artificial, portanto não são perfeitas, mas são muito boas para consultar alguma referência que surge no episódio ou algum comentário queiram ver exatamente quando é que foi dito, podem fazer através destas transcrições que estão no site do podcast.
José Maria Pimentel
E agora Henrique Valente, mecenas do podcast, pergunta o seguinte houve algum convidado que tenha deixado desconfortável? Lembro-me de em particular, o Desidério Mouros, que apresentou alguns argumentos muito radicais mas muito bem fundamentados.
recap da temporada & perguntas dos ouvintes
Sim, foi grande episódio esse do Desidério, foi lá várias vezes dele. Aliás, episódio duplo, isso foi na segunda parte. O Desidério não me deixou nada desconfortável, pelo contrário. Quer dizer, o argumento dele de facto era provocador e nesse sentido deixou-me a pensar. Deu-me alguma luta, mas não deixou nada desconfortável. Houve poucos episódios que me tenham deixado desconfortáveis, ou cujo convidado me tenha deixado desconfortável. Há que me referem várias vezes, que foi o episódio com a Mariela Mortágua, que no início estava ali num despique e depois a coisa até correu bastante bem, mas eu acho que teve a ver com o facto dela não conhecer... Bem, por lado temos opiniões suficientemente diferentes para isso poder acontecer, mas também ela não conhecia o podcast, aquilo foi gravado na Assembleia, depois dela vir de dia de entrevistas, portanto claramente vinha formatada para aquele debate mais político e portanto foi difícil fazer a convergência desse estilo para o estilo mais típico do podcast. É o único episódio que eu me lembro. Talvez tenha acontecido noutros, mas geralmente o facto de a pessoa estar cara a cara e o estilo do podcast permite que a pessoa tenha uma conversa de mente aberta, sobretudo. Aliás, eu na introdução do livro do Política a 45° falo bocado das vantagens dos podcasts e falo disso. O facto de nós estarmos no mesmo espaço, ou mesmo que seja gravado remotamente, cria uma predisposição para uma conversa aberta que faz com que raramente aconteça isso.
José Maria Pimentel
E aqui outra pergunta também do Henrique. Vês o podcast como uma ferramenta para iniciar algum movimento social? Existe claramente uma matriz política diferenciada no podcast que não tem reflexo na sociedade e que eu acho que colheria uma franja simpática da população.
recap da temporada & perguntas dos ouvintes
Essa matriz política que ele está a referir, quer dizer, é a minha e que é sempre simplista definir com o só termo, mas eu diria que é uma matriz liberal social. E de facto, embora ela seja definida, ela acaba por ser muito centrista na prática, não é? Portanto, eu acho que é difícil, Aliás, já falei sobre isso algumas vezes, eu acho que é difícil, pela natureza de qualquer sistema partidário ou pela natureza da democracia, é difícil uma visão centrista, centrista neste sentido, não é, não é centrista de não ter convicções, mas centrista de tender a ver ou tender a estar entre as outras posições, é difícil uma visão centrista poder ter correspondência no espectro partidário, portanto acho difícil. O que já não acho tão difícil e seria muito interessante era ter grupo de reflexão ou uma coisa desse tipo e isso sim já acho que era muito interessante. Não tenho nenhums planos nesse sentido mas acho que era uma coisa muito interessante e que não me importava nada de participar, enfim, e embora de uma maneira mais indireta, tento bocado fomentar isso no podcast, sobretudo, quando estamos a falar de questões mais políticas e especificamente do país, mas sem nenhum plano para criar isso, mas no fundo tento criar essa vaga e influenciar quem está a ouvir e ao mesmo tempo também ter feedback do lado lá.
José Maria Pimentel
Outra pergunta de António Neto da Câmara. Que mensagem colocaria no outdoor para que toda a população portuguesa pudesse ler? Esta é importada de outro podcast do Tim Ferriss Show.
recap da temporada & perguntas dos ouvintes
Exatamente. Eu não conhecia essa pergunta, por acaso o António é que deixou essa nota de que tinha sido importada do podcast do Tim Ferriss, é uma ótima pergunta, enfim, muito provocadora. Aquilo que me ocorreu depois de pensar bocado é que, enfim, eu acho, como sabe quem ouve o podcast, que nós temos sobretudo em Portugal problema de sociedade civil, que tem a ver com, não só, mas tem muito a ver com falta de capital social, ou seja, falta de confiança interpessoal, o que cria os chamados problemas de ação coletiva, ou seja, as pessoas, muitas vezes há objetivo que é comum a muita gente, mas as pessoas não se conseguem associar, não se conseguem aliar para agir na prosseguição desse objetivo, seja fazendo uma associação, fazendo uma petição, enfim, o que quer que seja. A petição até se faz porque é uma coisa hoje em dia muito fácil, mas tudo o que requer é mais trabalho. No fundo, para simplificar, ninguém está disposto, ou muito pouca gente está disposta a dar o primeiro passo. E depois o resultado disto, desta inação, é que isto facilita a vida a quem quer fazer as coisas mal, digamos assim. E por isso é que nós temos tão baixa confiança nos políticos, e não só, mas o que eu vejo sempre e que sempre me irritou, irrita-me também comigo próprio, na verdade, não é uma crítica daquelas aos outros sem se aplicar a mim, é que a pessoa tende a criticar sem ao mesmo tempo fazer nada, quer dizer, critica do sofá, digamos assim. Portanto, o cartaz que eu podia para responder à pergunta do António era qual é a coisa do tipo, participe primeiro, exija aos políticos depois.
José Maria Pimentel
E aqui outra pergunta também do António Neto da Câmara, que medida implementaria em Portugal, em qualquer área de atuação política, que tenha a certeza que seria positiva para o país, mas que seria vista pela maioria da população como errada?
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Mais uma pergunta provocadora do António, por acaso duas excelentes perguntas. Esta, provavelmente se eu tivesse mais tempo, ocorreria-me uma resposta melhor, porque é uma ótima pergunta. Eu acho que cabiam aqui facilmente uma série de coisas da chamada justiça intergeracional, que são medidas muito difíceis de tomar e em grande parte são muito difíceis de tomar por causa desta falta de confiança no sistema que eu falava antes. Como as pessoas não confiam, não estão dispostas a aceitar esse tipo de medidas que no fundo passam por redistribuir a favor das gerações mais novas, que em certo sentido têm uma vida mais difícil do que tiveram as gerações anteriores. Só como as pessoas das gerações anteriores não confiam no sistema é muito difícil fazer isso e portanto forçar, no fundo é o que está implícito na pergunta do António, uma medida desse género seria de certeza pouco popular, mas seria muito eficaz. Há outra medida, muito menos eficaz, mas que também me lembrei, porque é uma coisa que me parece fazer todo sentido, mas sempre que sugiro às pessoas, a maior parte das pessoas, não sei porquê, não acha nada uma boa medida. E há uma medida muito mais modesta do que esta, era basicamente nós reorganizarmos os nossos feriados de maneira a que eles se colassem aos fins de semana, deixando de ter este caos que nós temos atualmente, em que temos feriados, a terça-feira, a quarta-feira, a quinta-feira, que são feriados que perturbam o funcionamento da vida e da economia e, na minha opinião, não trazem grande coisa à pessoa. O que é que interessa é trabalhar uma segunda-feira, tirar feriado e depois trabalhar quarta, quinta e sexta? É uma coisa que nunca achei que fosse muito eficiente e há alguns países que de facto têm isso, o Reino Unido por exemplo tem uma coisa desse género e eu acho que seria interessante, enfim, há uma outra data que não dava mesmo para mexer mas acho que era interessante. Mas da minha experiência é muito impopular, a maior parte das pessoas não acha grande graça esta medida.
José Maria Pimentel
António Cardoso pergunta quais são os segredos por trás da facilidade aparente com que lida com temas tão diversos com tamanha profundidade?
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Esta é talvez a pergunta que me fazem mais vezes e é sempre muito difícil para mim responder. Eu acho que grande parte é a motivação, ou seja, motiva-me saber mais e tentar compreender temas diferentes e a motivação nestas coisas é grande parte do caminho andado, mas em termos de abordagem, de metodologia, eu acho que há sobretudo três passos. Primeiro é, no fundo está relacionado com isto que disse agora, é o que vem de trás. Ou seja, como eu no Coro 85° trato de muitos temas, mas não de todos, ou seja, trato de temas que me interessam. São temas em relação aos quais eu já tenho algum conhecimento que vem de trás. Depois, em segundo lugar, eu preparo, como dizei há pouco, faço questão de preparar sempre o melhor possível para cada episódio. O que significa que eu não chego a esse episódio só com perguntas, mas chego também com algumas ideias que depois permitem, a grande vantagem é que permitem tornar a conversa mais profunda. E depois, em último lugar, à medida que eu vou gravando mais episódios, é como se fosse descendo uma malha cada vez mais densa, em que cada tema novo já não cai no vazio, porque já se relacionam com uma série de episódios que eu gravei antes e portanto torna muito mais simples fazer a convergência em termos de conhecimento com esse tema e portanto o trabalho vai sendo facilitado ao mesmo tempo que também permite provavelmente ir ainda mais fundo nesse episódio do que fui nos episódios anteriores que estavam mais ou menos relacionados com esse tema. Portanto, eu acho que este é o segredo, enfim, se é que há algum segredo para tratar dos temas com profundidade, que é uma coisa que dá-me imenso gozo e eu acho que é talvez o ponto mais distintivo do 45°.
José Maria Pimentel
O Rodrigo pergunta, algo que não é muito explorado no 45° é a arte. Apesar de recentemente novos e diferentes tópicos estarem a ser adicionados, sendo o melhor exemplo o mais recente episódio sobre a parentalidade, até este momento o podcast nunca teve convidados, talvez com exceção de Salvador Martinha e do Ricardo Urus Pereira, totalmente vocacionados para a arte. Isto talvez porque esse não seja o intuito do podcast, no entanto fica à sugestão.
recap da temporada & perguntas dos ouvintes
É, como eu acabei de dizer, eu cubro muitos temas no 45°, mas não cubro todos os temas. E nem acho que seja bom cobrir todos os temas. Do ponto de vista de quem está a ouvir, a pessoa não quer necessariamente podcast que cobra todos os temas, quer é poder compor a sua playlist de podcasts que cobrem todos os temas que lhe interessam. Portanto, não tenho problema nenhum com não cobrir alguns temas que interessariam algumas pessoas, acho isso normal. Mas não é por acaso que a arte é tema que fica de fora, ou é tema que tem ficado de fora. Não ficou completamente de fora, há episódios em que falei do tema, estou-me a lembrar do Miguel Taiman ou do Ayres Almeida, por exemplo, mas de facto é tema menos abordado. E eu acho que a grande razão para isso é que os temas que eu abordo, embora sejam muito diferentes, têm em comum uma coisa que é o facto de se prestarem uma sistematização, se prestarem a uma análise high level que tenta organizar os temas, quer dizer, que tenta ter uma visão geral daquele tema com base em alguns princípios gerais. E isso é difícil na arte, não é impossível, mas a maior parte das discussões sobre arte que nós vemos são discussões muito mais baseadas no subjetivo, porque é a nossa experiência com arte, gostamos, não gostamos, e isso faz parte, quer dizer, é inevitável, mas tendem a ser focadas nisso e tendem a ser muito focadas, o que de novo também é natural, não tem nada de negativo em si, tendem a ser focadas em artistas, ou se for no cinema, em filmes, ou seja, tendem a ser focadas em arte concreta, o que também exige de anfitrião de uma conversa desse género dominar bem a cultura daquela área, que não é o meu caso, não é a parte das áreas, e portanto isso é algo que tem feito tratar menos esse tema, até porque lá está, como eu gosto de preparar para cada episódio, isso também pressupõe que eu acho que vou ser bom anfitrião daquele tema, e no tema arte eu não tenho a certeza de poder ser bom anfitrião. Dito isto, se o Rodrigo ou alguma outra pessoa que esteja a ouvir, conhecer alguém que recomende para o podcast e que possa trazer esta visão mais sistemática, mais pedagógica sobre a arte, sou todo a ouvir.
José Maria Pimentel
Mais uma pergunta da Alexis Santos. Seria interessante para os ouvintes do 45° a exploração do tema literacia e educação financeira?
recap da temporada & perguntas dos ouvintes
Realmente é ótimo tema porque é tema que tem relevância eu diria estrutural e conjuntural. Conjuntural é óbvio porque estamos a passar período de inflação alta, de juros a subir, quer dizer, vertiginosamente, se compararmos com o passado recente, para compararmos com os últimos 15, 20 anos, e portanto este é tema altamente preeminente. Mas também é relevante estruturalmente em Portugal, porque nós somos, e provavelmente quem está a ouvir já apanhou esta referência a alguns, nós somos país com uma literacia financeira muito baixa, há estudo até do Banco Central Europeu, relativamente recente, que nos põe no último lugar, ou seja, põe a população portuguesa no último lugar da zona euro em termos de literacia financeira. E eu acho que é uma coisa que todos nós temos noção até a falar com amigos e familiares e portanto era bom tema. E por isso, se o Alexas tiver alguma sugestão de convidado, eu sei alguns, mas se ele tiver alguma outra sugestão ou outra pessoa, estejam à vontade.
José Maria Pimentel
E finalmente, Catarina Serra. Atualmente os pais das crianças com que contacto são muito mais informados do que eram há uns anos. Ao mesmo tempo, o professor perdeu algum estatuto e deixou de ter sabedoria inquestionável. No seu caso, como é que lida com os educadores professores das suas filhas? Quando não concorda com alguma prática, entra em modo investigador e tenta debater com os profissionais de ponto de vista mais académico, tendo em conta a evidência científica, ou consegue distanciar-se dessa parte? Aqui a Catarina Serra já esteve no workshop do Porto, correto?
recap da temporada & perguntas dos ouvintes
Exatamente, a Catarina é educadora de infância, dei esta pergunta, e ela esteve no workshop do Porto, portanto é muito bom ver aqui o nome de alguém que esteve nos workshops recentes. Eu acho que mostra, espero eu, que gostou do workshop. E a pergunta é uma excelente pergunta, na verdade é tema que eu tenho pensado muito, porque há aqui claramente esta evolução que tem traços positivos e negativos. O positivo é que as pessoas, os pais hoje em dia estão mais informados e estão mais preocupados com a educação dos filhos do que acontecia antigamente, e muitas vezes há uma espécie de romantização do antigamento desse lado despreocupado, que claramente tem algumas coisas boas, mas parece exagerado, é ótimo os pais estarem mais informados e mais interessados. Mas depois também tem o mau, porque as pessoas também ao mesmo tempo sobreestimam o conhecimento que conseguem adquirir e a internet nisso, como nós sabemos, não é necessariamente bom, não é porque tem muita informação verdadeira, mas também muita informação falsa. E portanto eu tento, de facto, informar-me, e aliás o último episódio foi sobre precisamente parentalidade, mas também ter alguma cautela. E depois há aqui problema mais de fundo que me leva a ter grau de cautela extra, que é que os educadores e os professores são e sempre foram não particularmente bem pagos. E isso sempre foi compensado, enfim, pelo menos é a maneira como eu olho para isto, porque a profissão tem outros benefícios. Tem o facto de terem autonomia, ou seja, de tirarem muito gozo da própria profissão porque têm autonomia para gerir a turma, têm prestígio social ou tinham prestígio social e têm também orgulho, na maior parte dos casos, em desempenhar uma função útil. E eu acho que quando os pais são demasiado ingerentes, quando os pais tentam meter demasiado, podem, e muitas vezes eu acho que estão a pôr em causa, este papel do professor e podem retirar este sentido da autonomia, este sentido de prestígio, quer dizer, de orgulho daquilo que fazem. O que pode ser pernicioso e portanto eu tento, na relação neste caso com os educadores da minha filha, tentamos na verdade questionar e andar em cima, mas não demasiado para não tirar essa autonomia porque isso depois pode parecer pernicioso a prazo. E portanto eu tento no fundo moderar para responder à Catarina essa intervenção. E é a última pergunta, não é?
José Maria Pimentel
Exatamente, é a última pergunta.
recap da temporada & perguntas dos ouvintes
Então vá, boas férias a todos. Obrigada. E até setembro.