#104 José Homem de Mello - Cães como nós
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José Maria Pimentel
Olá, o meu nome é José Maria Pimentel e este é o
45°. Estamos de volta aos episódios regulares e começamos por falar sobre
cães. O convidado é José Omendemelo, que é juiz de exposições caninas
internacionais e criador de cães da raça Basset Hound, tendo já criado
15 cães campeões do mundo e vencido, em 1995, o prémio máximo
da exposição canina mundial, no que foi uma das únicas vitórias de
um português nesta competição. Estive algum tempo na dúvida sobre com que
tema retomar o podcast e acabei de forma mais ou menos inconsciente
por ir parar a um que me tem estado mais próximo desde
a pandemia, em que tenho passado mais tempo em casa, visto que
tenho duas cadelas, uma da raça pastor belga e outra sete era
irlandês. Este tema é claro, especialmente interessante para quem tem, teve ou
quer ter cães, mas diria que também o é para qualquer pessoa
que se interesse pelo mundo natural, por animais em geral ou até
mesmo por história ou geografia, visto que este tema toca todos esses
aspectos de uma forma ou de outra. Como é que costuma acontecer
quando pego em temas diferentes, acabei por me dar conta que o
tema tem muito mais que se lhe diga do que parece à
primeira vista, e por isso decidi gravar dois episódios com dois convidados
diferentes. Um mais sobre as diferenças entre raças, este que vão ouvir,
e outro, que vão ouvir no próximo episódio, sobre comportamento, treino e
bem-estar. Neste episódio com José Homem de Melo, tentei tirar partida da
experiência do convidado enquanto criador e juiz de exposições internacionais e falámos,
sobretudo, dos vários tipos de raças que existem, e são quase 400
no total, das suas diferentes funções, da história de cada raça e
do comportamento típico e até do aspecto das várias raças de cães.
Na verdade, embora o ser humano tenha vindo há milhares de anos
a aplicar uma seleção artificial sobre a espécie canina, selecionando os cães
com melhores características para diferentes funções, a verdade é que as raças,
tal como as conhecemos hoje, têm uma origem muito mais recente do
que possa parecer. Foi só na Inglaterra, do século XIX, que começaram
a surgir as posições caninas e com elas um movimento que levou
à organização e ao apuramento das diferentes raças e que originou com
ele a maioria das raças que conhecemos hoje. O estándar das posições
de cães é hoje definido pela Federação Cinológica Internacional, que divide as
raças de cães em 10 grupos diferentes. Por isso, começámos o episódio
a percorrer essa lista de 10 grupos de raças, para tentar organizar
um pouco as ideias e compreender o que distingue os diferentes grupos
de raças, que vão desde os cães-pastores aos cães de caça, passando
pelos cães de guarda e até pelos cães de companhia. Falámos então
do que distingue os vários tipos de raça em termos de história,
da função e do seu aspecto. Uma nota, logo no início da
descrição, o José enganou-se e começou pelo grupo 2, o dos cães
de guarda, em vez do número 1, dos cães pastores. Por isso
não estranhem quando ouvirem o convidado logo depois clarifica. A partir desta
espécie de taxonomia das várias raças, nestes 10 grupos, a conversa levou-nos
a falar sobre as raças portuguesas, e sobre uma série de outros
temas. Falámos sobre o exagero que houve no apuramento de algumas raças
e que gerou cães com sérios problemas de saúde, como é o
caso do bulldog, que até tem dificuldade em respirar. Falamos também do
movimento que existe hoje anti-corridas de cães, corridas de galgos. Falamos ainda
das chamadas raças perigosas, das vantagens e desvantagens de escolher um cão
rafeiro, ou ainda da tendência recente de cruzar, propositadamente, cães de raças
diferentes, seja com objetivos estéticos ou objetivos funcionais.
Antes
de avançarmos para o episódio em si, queria deixar aqui uma espécie
de anúncio de classificados. Estou neste momento à procura de um novo
editor de som para o 45°. O Martim Cunha-Rêgo, que tem feito
um ótimo trabalho nos últimos dois anos, vai ter de sair, e
por bons motivos, e por isso precisa de alguém que assegure que
os episódios mantêm a qualidade de edição que, julgo, distingue o 45°
no espaço dos podcasts portugueses. O trabalho de edição de som é
algo que não é muito visível, aliás, é tanto melhor quanto menos
se notar, mas é essencial para assegurar que cada episódio tem um
som de qualidade, para resolver problemas que muitas vezes surgem na gravação
e, sobretudo, para transformar uma gravação inicial em bruto, que vem sempre
cheia de interjeições, repetições e redundâncias que são próprias da oralidade, no
episódio final em que só consta o filé mignon, chamamos-lhe assim, da
conversa. O perfil da pessoa que estou à procura para o 45°
é de alguém que tenha experiência com software de edição de som,
mas também, ao mesmo tempo, interesse e sensibilidade em relação aos temas
que abordo no podcast. Aliás, este último aspecto é, de certa forma,
até o mais importante, porque em termos técnicos a edição de um
podcast deste tipo é relativamente simples. O mais difícil é muitas vezes
ter a sensibilidade para saber, por exemplo, o que cortar em cada
conversa e, crucialmente, o que não cortar em cada conversa. Por isso,
se conhecerem alguém que tenha este perfil e que possa ter interesse
neste projeto, enviem-me, por favor, um e-mail para 45graus arroba gmx.com. Obrigado.
Para já, deixo-vos então com esta conversa. No próximo episódio, como disse
há pouco, falaremos também de cães, mas mais numa lógica de comportamento,
treino e bem-estar. Estarei à conversa com uma investigadora da Universidade do
Porto, que é também treinadora e que tem feito investigação nesta área.
Por agora, deixo-vos então com José Homem de Melo e com este
episódio a que chamei Cães como nós, parafraseando o excelente título de
um livro de Manoel Alegre. Comecei a nossa conversa fazendo ao convidado
a seguinte pergunta. De onde é que veio o cão enquanto espécie?
José Homem de Mello
O cão começa há muitos milhares de anos. Está provado que o
cão descente do lobo cinzento. E a partir daí avançamos até à
atualidade e, portanto, até a todas as raças. Mas, sabe-se que foi
há cerca de 14.600, 15.000 anos que há, digamos, vestígios em que
cães foram sepultados com os seus donos. Mas há cerca de 30.000
anos já há vestígios de cães domesticados e o cão foi o
primeiro animal domesticado pelo homem. E a principal razão, como penso que
é um pouco óbvio de onde vem o cão, porque o cão
vem do lobo cinzento, foi uma questão de defesa. Nessa altura havia
muitos animais ferozes que atacavam o homem e o homem necessitava de
um animal para o proteger. E foi essa a razão da domesticação
do cão. Sim, ou seja,
José Homem de Mello
Eram cães de guarda, exatamente. A partir daí foram-se criando laços entre
o homem e o cão, que são por demais conhecidos. O cão
é um animal que se dedica inteiramente ao seu dono. Por muito
mal que seja o dono, o cão perdoa-lhe sempre. E realmente é
uma característica muito nobre do cão. É um animal, ao contrário de
outros animais domésticos, e não tem nada contra os gatos, mas, por
exemplo, se compararmos o cão com o gato, as festas que um
cão faz ao seu dono quando ele chega à casa não são
as mesmas que um gato faz. Um gato também faz, mas são
diferentes. E, portanto, é essa a razão que levou a que o
cão tivesse um lugar muito especial na vida do homem. Com os
anos a passarem, e agora vou dar um salto muito grande, vou
passar para os egípcios, nós vimos que os faroós tinham uma raça
que atualmente ainda existe, que é o Faroe Hound, que está presente
nos seus túmulos, nas suas culturas. O Faroe Hound ainda existe, é
uma chamada raça primitiva, uma das raças... Pois como o cão de
Canã, não é? Exatamente, o cão de Canã. Temos outro cão também
dessas raças primitivas, oriundo da África, que é o basenji, que é
muito engraçado porque é um cão que não ladra. É? É um
cão que não ladra. Curioso. Não é sintostrono porque
José Homem de Mello
Exatamente. Estes, na U e vão, fazem uns sons um pouco esquisitos,
como um gargarejar, assim, uma situação, digamos, um som um bocado esquisito,
mas não ladrão. E, portanto, a partir daí e principalmente a partir
do século 18, 19, o homem, e anteriormente, o homem foi criando,
na altura não podemos chamar raças, eram tipos de cães, o tipo
de cão para caça, havia cães de companhia, e foi criando raças
com específicas funcionalidades, porque, como sabe, o homem precisava de caçar, precisava
de caçar coelhos e tinha que criar um cão e, digamos, apurar
a raça de um cão específica para a caça ou coelho e
outros tipos de caça e por isso temos hoje em dia cerca
de 380 raças espalhadas pelo mundo.
José Homem de Mello
Não. Ou... Reconhecidas... Reconhecidas... Por exemplo, nós, em Portugal, temos 11 raças
caninas. Duas delas ainda não estão reconhecidas a nível internacional. Estão reconhecidas
a nível nacional, pelo Clube Português de Canicultura, que é o cão
do barrocal Algarvio e o barbado da terceira. O cão do barrocal
Algarvio é um cão do quinto grupo, do grupo dos primitivos, e
é um cão de caça. E o barbado da terceira é um
cão de gado, é um cão de pastor. E, portanto, todas as
outras raças portuguesas estão reconhecidas. E as raças portuguesas são essencialmente raças
funcionais. Portanto, todas as nossas raças foram criadas pelos nossos antepassados com
um determinado objectivo funcional. Seja ele de caça, seja ele de guarda,
seja ele de trabalho, como por exemplo, muitas pessoas não sabem, mas
o Cão d'água português foi criado na região sul de Portugal, no
Algarve, para ajudar os pescadores na lida da pesca.
José Homem de Mello
É, e não tanto. Está mais ligado também com o barbê, com
um cão francês, um cão d'água. Portanto, o cão d'água fazia o
quê? Ele estava no barco e ia buscar o peixe à água,
basicamente? O cão d'água, basicamente, era um cão para guardar o barco
do pescador E, além disso, era um cão que, na pesca ao
atum, os barcos faziam o cerco, os pescadores com as lanças apanhavam
o atum para o barco, não é? E normalmente os últimos peixes
que não eram apanhados pela lança, os cães atiravam-se à água e
iam buscar esses atums.
José Homem de Mello
dos quem? Existem atualmente 11 grupos, sendo que O décimo primeiro grupo
é o grupo onde estão as raças que ainda não estão reconhecidas
oficialmente pela Federação Cinelógica Internacional e aí, portanto, estão raças... Independentemente da
função. Exatamente. Portanto, aí digamos há uma, entre aspas, salada de raças.
E, portanto, o primeiro grupo são os cães de guarda e proteção,
onde está, por exemplo, o nosso cão da Serra da Aires e
também o barbado da terceira, que ainda não está reconhecido. Depois, no
segundo grupo... Desculpe,
José Homem de Mello
nesse segundo grupo? Exatamente. No segundo grupo estão os cães de guarda
e proteção. Portanto, está o Doberman, está o nosso Cão da Serra
da Estrela, está o Rottweiler, enfim, está o Boxer, está o Dog
argentino, portanto, são as raças que foram criadas pelo homem para uma
determinada função. Por exemplo, o Doberman, penso que é subajamente conhecido, que
foi criada pelo senhor Doberman, que precisava de um cão que guardasse
a sua casa e, portanto, apurou essa raça. Quando nós falamos de
cães de guarda, por exemplo, o Doberman é um cão muito
José Homem de Mello
primeiro grupo, exatamente. As quatro variedades do pastor Belga. Portanto, estávamos a
falar do segundo grupo, são exatamente os cães de guarda e proteção,
onde, portanto, estão os cães que foram feitos, foram desenvolvidos e foram
apurados a essas raças para a guarda ou das casas, das propriedades,
ou mesmo dos rebanhos. A raça mais recente portuguesa reconhecida pela Federação
Cinelógica Internacional é o cão-de-gado transmontano, que é um cão com porte
muito grande e que é originário de Trás-os-Montes e exatamente foi desenvolvido
pelas populações dessa região para guardar o gado dos lobos, porque como
sabe no Entradas dos Montes ainda há lobos. E é muito engraçado
ver porque quando chegamos... Quem visita essa região... Quando chegamos a essa
região começamos a ver os cães na sua funcionalidade. Portanto, os cães
estão deitados a guardar os seus rebanhos e isso realmente cada vez
mais é algo que deve ser valorizado, a funcionalidade do cão e
nunca deve ser esquecida a sua funcionalidade e quando se apuram raças
e quando se criam raças deve-se ter sempre como principal objetivo a
funcionalidade da raça, não caindo e não indo para exageros estéticos. E
quando eu digo exageros estéticos falo em tipo. Há uma coisa que
nós chamamos o tipo, que é, digamos, uma pessoa olha para um
cão e tem que ver que ele tem umas determinadas características das
raças que o definem o seu tipo e esse tipo não deve
ser exagerado. Eu há pouco tempo dizia que nós não devemos ir
nem o 8 nem 80, nem um cão ter pouco tipo, nem
muito tipo. O tipo
José Homem de Mello
Exatamente. Mas voltando, digamos, aos grupos, depois temos um terceiro grupo que
são os terriers. Ora, os terriers foram essencialmente criados para caçar ratos
em casa, nas casas, nas propriedades e portanto são um tipo de
cão que foi criado essencialmente com essa função, para caçar roedores nas
casas e nas propriedades dos seus donos. E são, na grande, na
esmagadora maioria, são raças inglesas. Desde o Fox Terrier, o Scotty Sterrier...
O Fox Terrier
José Homem de Mello
Tinham, mas não... Sabe que os ingleses sempre foram, digamos, entre aspas,
especialistas na criação de cães e uma grande parte das raças foi
desenvolvida pelos ingleses. Muitas delas foram importadas, por exemplo, a raça que
eu crio que é o Basset Hound, os primeiros cães foram importados
de França, nos finais do século XIX, para a Inglaterra e foram
os ingleses que os desenvolveram. Depois, o quarto grupo é um grupo
um bocado sugêneres, porque é um grupo onde, na realidade, só está
uma raça, que são os baixotes, os mais conhecidos, as pessoas todas
conhecem por salsistas, os Busteckel, que é uma raça alemã, onde existem
três tamanhos e três tipos de pelo. Mas
José Homem de Mello
Normalmente não, Eles tiram os coelhos. E portanto, existem três tamanhos com
três variedades de pelo. Pelo comprido, pelo liso e pelo cerdoso que
é aquele pelo áspero e pouco comprido. Esse é o quarto grupo.
O quinto grupo temos os cães primitivos e os spitz, aí onde
se incluem os nossos podengos e onde está também incluído a raça
que eu falava há pouco, o faraó hound, o Basenji, portanto são
tudo cães essencialmente de orelha fita, portanto com orelhas iretas e são
cães que têm várias funcionalidades. Estes são os primitivos e também os
Speeds. Os Speeds são os cães nórdicos, mas também primitivos, mas nórdicos.
São cães onde estão os Siberian Huskies, os Alaskan Malamute e, portanto,
cães com orelha também, normalmente orelha fita, mas com pelo. Mas com
funções variadas? Com funções variadas, por exemplo, repare, o malamut é um
cão de ternó, é um cão de trabalho, é um cão para
puxar ternó, o sibereanusk é exatamente
José Homem de Mello
Mas, por exemplo, os pudengos, como sabe, nossos são cães de caça
e nós temos três tamanhos de pudengos e duas variedades de pelo.
O pelo liso e o pelo sardoso e temos o pudengo pequeno,
o pudengo médio e o pudengo grande. E aí o pudengo pequeno
é um cão para caça a lebre, ao coelho e portanto é
um cão para levantar e também para entrar nas tocas. Depois temos
o pudengo médio que é um cão também que é polivalente, pode
caçar coelhos, pode caçar lebres, pode seguir também outro tipo de caça
e depois temos o pudengo grande que é um pudengo que caça
essencialmente em matilha e caça maior. Portanto, chavalis, gamos, por aí fora.
Mas
José Homem de Mello
terem... É curioso. Em muitos casos foram raças que estavam, digamos, confinadas
a determinadas áreas e, portanto, não houve influência de outras raças, não
é? Por exemplo, nós aqui em Portugal também estamos um bocadinho confinados.
Estamos no sul da Europa, temos uma grande fronteira marítima, há várias
teorias, mas o que é certo é que elas chegaram aos nossos
dias com estas funções. Passamos depois aí para os cães de caça
E os cães de caça temos estes grupos, que é o sexto,
o sétimo, o oitavo e o décimo. Portanto, O sexto grupo são
os chamados hounds e são cães que caçam com o nariz.
Portanto,
são cães que caçam essencialmente, que perseguem a caça em matilha ou
não e são cães que têm um olfato extremamente apurado. Como o
Wassenhaun, que é dos mais apurados de todos. E como, por exemplo,
Bloodhound, que é um cão muito conhecido, que era utilizado e ainda
é utilizado, essencialmente quando há fugitivos de prisões e quando há, por
exemplo, pessoas desaparecidas, esse cão é muito utilizado na descoberta e no
seguimento dessas pistas. E, portanto, aí está o Beagle também, estão outros
cães, está o Rodigem de Hitchback, que é um cão também de
caça e que era de caça ao leão, um cão que foi
criado na Namíbia.
Outros galgos,
ou não? Não, os galgos estão no décimo grupo. Ah, ok. Portanto,
este sexto grupo são cães que caçam essencialmente em matilhas, onde o
caçador pode ir a cavalo ou a pé, e é engraçado porque
algumas destas raças foram criadas por faixas sociais mais desfavorecidas porque como
não tinham meios para ter cavalos e para caçarem a cavalo, criaram
cães com menos velocidade para poderem caçar a pé. Aqui temos cães
desde o Beagle até o Foxhound, por exemplo, que é um cão
de
José Homem de Mello
Um bocadinho parente pobre, não sei, talvez uma questão de lobby, mas
foram parar aí e pronto. Mas na realidade não estão muito ligadas
a este grupo, porque neste grupo estão inúmeras raças, porque os grandes
especialistas de Hounds e portanto cães com estas características são os franceses.
Existem inúmeras raças criadas pelos franceses. É um dos maiores grupos, se
não o maior grupo de cães da EFCI é o sexto grupo,
com cerca de 75 raças, onde existem raças de muitos, muitos países,
mas sem dúvida os franceses são os cães que têm mais raças
no sexto grupo. Engraçado.
José Homem de Mello
que É quase sinónimo de cão, não é? É, exatamente. Depois passamos
ao sétimo grupo, que são os cães de parar. E aí temos
os pointers, os setters, os bracos também. Estes cães são cães para
caçador com arma. Portanto, qual é a função do cão? É parar
a caça, portanto descobrir a caça, parar a caça
e
levantar a caça para o caçador depois abater a caça com arma.
Em Portugal nós temos já implementadas muitas provas de cães de parar,
que é extremamente interessante porque não é utilizada a arma, neste caso.
A caça, portanto, da presa não é morta. A presa é posta,
em alguns casos, nos campos pelos bichos e depois o condutor leva
o seu cão para apontar a presa e depois para poder levantar.
O que acontece nestes casos é que há, digamos, uma pistola de
alarme ou um fulminante que faz um ruído parecido com uma arma
e pronto. E a presa segue o seu caminho.
José Homem de Mello
Porque, como sabe, houve muitos casamentos entre a família real portuguesa e
a família inglesa e, segundo se diz, algumas princesas que casaram com
reis ingleses levaram de Portugal perdigueiros portugueses. A dona Catarina. Exatamente, E
que levaram estes cães para Inglaterra e, portanto, o pointer pensa-se que
tem, e há muitas teorias e digamos... E tem algumas presenças. Bem
fundadas, que o pointer tem sangue também de português. Engraçado. Estávamos no
sétimo, passamos ao oitavo, aí temos os retrievers. E como a palavra
indica, o cão tem também uma função de trabalho e, portanto, procurar
a caça, mas essencialmente depois a sua função é trazer a caça
ao caçador. Portanto, o caçador, o cão com o caçador levantam a
caça, o caçador abate a presa e o cão, dentro de água
ou fora de água, vai buscar a sua presa. Os labradores são
essencialmente cães para caça a patos e caça com água. Daí
José Homem de Mello
nadar. Exatamente, facilita a nadar. Mas o labrador, quando julgamos raça, dois
aspectos essenciais é o pelo, que tem que ser extremamente denso e
com subpelo. Nós, quando passamos os dedos ao contrário do pelo tem
que ficar uns sulcos marcados porque o pelo tem que ser gorduroso
e não pode... Para não ensopar. Exatamente. E a cauda deve ser
uma cauda de lontra, grossa e curta. Exato. Portanto, aqui estão também
os cockers, os cockers americanos, os cockers ingleses, os English Pringle Spaniel,
mas são tudo cães com esta função. Os cockers
José Homem de Mello
mas... Têm, todas estas raças que estão num grupo, se andarmos uns
séculos para trás... Era mesmo, são bem parentes em comum. Só que
na altura não havia raças, havia grupos de cães. As raças, como
sabe, foram... Começaram a ser, digamos, criadas e, digamos, mencionadas no século
XVIII e século XIX. Antes disso falava-se nos molossos.
José Homem de Mello
Mas repare, dentro deste grupo, e vou lhe dar dois exemplos, o
Cocker é um cão extremamente ativo, extremamente ativo e a sua função
é essa também,
de estar
quieto com o seu donto, mas também pode andar à procura de
caça. O Labrador é um cão um bocadinho mais calmo, mas também
com atividade. O Golden é mais calmo. O Springer Spaniel é um
cão também com muita atividade, são cães extremamente ativos e, portanto, dentro
da sua função há vários temperamentos,
José Homem de Mello
Se quiser vamos ao 9 porque vamos aos cães de caça e
depois passamos para o 9º grupo. O 10º grupo é o grupo
dos galgos e portanto um cão de caça que caça com os
olhos e não com o nariz. E aqui temos 13 raças de
galgos. Nós em Portugal já tivemos galgos, mas foi uma raça que
desapareceu. Não houve, digamos, uma proteção, um grande desenvolvimento e, portanto, a
raça desapareceu. Mas aqui os nossos vizinhos espanhóis já têm o galgo
espanhol, que é um cão essencialmente para caça a lebre. Depois existem
os huípates, que é um galgo pequenino, mais pequeno. Depois existem os
galguinhos italianos, que são galgos muito pequeninos, mas todos eles com esta
função de caça em velocidade. E depois temos outras raças, o Azauaque,
que é uma raça do Norte de África, que é uma raça
também usada pelos povos nómadas. São raças, principalmente as raças do Norte
de África, são raças que eram propriedade de uma faixa social bastante
alta. Temos, por exemplo, os Borzóis, que são os galos-rusos. Como sabe,
na família dos Cazares existiam sempre galos-rusos que apareciam nas pinturas e...
E, portanto, são cães de caça, mas de caça em velocidade. Tudo
cães de pata alta. Sim. E
José Homem de Mello
Porque os ingleses, Ao contrário da divisão das raças, os ingleses têm
uma outra divisão das raças. Os cães de caça têm os hounds
e têm os retrievers e depois têm os gundogs e, portanto... Os
gundogs que são os
de prar. Exatamente, exatamente, que têm os gundogs. Portanto, aqui são cães,
no nosso caso, são os cães de décimo grupo, portanto, cães de
caça, essencialmente galgos. São todos galgos. E
José Homem de Mello
Podem estar a ser exauridos completamente. Exatamente, podem estar a ter zupados.
A situação é que... Vamos lá ver. Tem que haver o bom
senso. Eu acho que nós devemos respeitar todas as raças que foram
oporadas pelos nossos antepassados, porque é um património que temos. E quando
se fala, por exemplo, nas raças portuguesas, nós temos que proteger as
nossas raças. Porque foi algo que os nossos antepassados criaram com uma
determinada função. E acho que é a nossa obrigação preservar este património
que foi legado pelos nossos antepassados e não tentar destruí-lo ou, digamos,
extingui-lo, como nós temos, por exemplo, algumas raças portuguesas que estão em
graves dificuldades. O cão de Castro Laboreiro, por exemplo, é um cão
que está num número de efetivos bastante baixo, não é? E, portanto,
é essencial. O cão da Serra da Estrela de Pelo Curto é
um cão também que está com efetivos baixos. O podengo português grande
é um cão que tem efetivos baixos. E, portanto, acho que devem
ser criadas condições para que estes efetivos possam aumentar e, digamos, não
legislar de maneira a que leve a que estas raças mais tarde
possam desaparecer, como têm vindo a desaparecer outras raças, não é?
José Homem de Mello
deixam de ter aquela função, a utilidade que tinham. Exatamente. E também
o que acontece muitas vezes é que há várias épocas em que
esse cão tem uma determinada função e há procura e, portanto, há
efetivos da raça. E depois essa procura deixa de existir e as
raças começam... No fim, é um bocadinho como as espécies, não é?
Sim. Algumas desaparecem, aparecem outras, enfim. E acabamos então com o nono
grupo, que são os cães de companhia. E aí estão todos os
cães que a sua função é fazer companhia aos seus donos. E
não tem outra função do que essa. Há... Cães mais pequenos, normalmente.
Cães mais pequenos e outros também grandes. Portanto, também os caniches. O
caniche que tem vários tamanhos.
José Homem de Mello
quantos séculos isto é? Há poucos, não há muitos séculos. A maioria
são recentes, não é? É, a maioria das raças, a não ser
aquelas raças que nós chamamos, dizemos, as primitivas. Portanto, as raças como
o faroão, de que falámos há pouco, a maior parte delas são
raças que vêm dos séculos XIX. Claro, isso eu sei. O que
eu
José Homem de Mello
há uma raça de cães de companhia que é muito antiga, por
exemplo. Há, há, portanto, Há os tibetian terrier, que também são raças
de companhia, na parte do Tibete. Há o Pekinua, há o Lhasa
Apso, portanto há muitas raças que são muito antigas. Mas, digamos, a
nomenclatura só foi feita a partir dos meados do século XIX.
José Maria Pimentel
Isso leva-me, exatamente, nós há bocado deixámos esse ponto por cobrir. Isto
é, é interessante porque nós, hoje em dia, estamos habituados a falar
de raças, mas na verdade, e o José já aludiu a isto
várias vezes, as raças começaram a ser definidas há 150 anos, 200
anos no máximo, ou seja, é uma coisa que começa na Inglaterra
vitoriana basicamente. Até aí o conceito era muito mais difuso, não é?
José Homem de Mello
Já havia funções, mas... Havia cães e, quer dizer, não se poderia
dizer que aquele cão tinha aquela raça, não é? Havia o cão
daqui, o cão dali e, portanto, havia modas, não é? Por exemplo,
os Spaniels que foram levados para a Inglaterra e que há em
inúmeras pinturas onde aparecem Spaniels, são cães que foram também levados de
Espanha, alguns cães de outras raças levados de Espanha, por isso que
há as raças inglesas, o cavalier king spaniel e para aí fora,
que são raças que são essencialmente raças de companhia. Mas de onde
é que
José Homem de Mello
os ingleses começaram a fazer? Os ingleses organizaram as exposições caninas com
o intuito de os criadores levarem a essas exposições os seus exemplares,
mostrarem-nos e, digamos, selecionarem os melhores exemplares para apurarem as raças. E,
digamos, tornou-se um desporto. Começou em Inglaterra e em 1800, finais do
século XIX, realiza-se em Paris a primeira exposição canina, no Jardim da
Climatation, onde são expostos também muitos exemplares de várias raças. E é
a partir daí que, digamos, este movimento se começa a espalhar pela
Europa e depois pelo mundo. E as pessoas, os criadores, começam a
levar os seus cães às exposições caninas para os mostrarem e para
trocarem entre si exemplares e para apurarem as raças. E
José Homem de Mello
foi o contrário. Não, o contrário. Pelo contrário, cada vez mais, ainda
hoje em dia, hoje em dia, há vários países, e eu há
bocadinho estava a falar do Grupo 11, onde estão as raças, que
são propostas por vários países, onde estão duas raças nossas, não é?
O Cão do Barrocoal Algarvio e o Barbado da Terceira, que são
raças que existem e que os países pedem que elas sejam reconhecidas.
Mas para que elas sejam reconhecidas a Federação Insulinológica Internacional necessita que
haja um determinado número, que haja um determinado número de famílias, exatamente,
para termos a certeza que há uma raça que tem futuro. Sim,
e
José Homem de Mello
como falámos há um bocadinho. Exatamente. O que é que acontece? Todas
estas raças que são reconhecidas pela Federação Assinológica Internacional têm um estalão.
O que é o estalão? O estalão é a descrição minuciosa das
características dessa raça, onde se menciona o país de origem, a função,
de grupo é que são, um pouco de história, digamos os principais
pontos a ter em conta, mas depois é descrita a cabeça, onde
depois são dentro da cabeça os olhos, a dentição, extremamente importante a
dentição dos cães, porque aí Há cães que são prognatas, outros cães
que podem ter a dentição em tesoura ou em pinça. Portanto, um
cão normalmente de caça tem que ter a dentição... Um cão de
caça e mesmo um de guarda tem que ter a dentição em
tesoura. O que é que isto quer dizer? Que os incisivos inferiores
têm que tocar o interior dos incisivos superiores.
Como a nossa, no
fundo. Exatamente. Porquê? Porque quando ele morde e se morde umas calças
ou se morde uma presa, quanto mais ela é puxada, mais fecha
e mais... Portanto, não deixa fugir a sua presa. Ao passo que
uma dentição em pinça, puxar com bastante força, ela puxa. O Bulldog,
por exemplo, é um cão... Prognata. Exatamente. Porquê também? Porque Bulldog era
um cão também para lutas com touros, não é? E eles tinham
que morder a pele do touro, e exatamente é porgnata porque aquilo
também faz com... Prende, não é? Exatamente, prende. Portanto a dentição é
extremamente importante. Depois também, escrito... Acho
José Homem de Mello
Comportamento, exatamente. As angulações do cão, como é que devem ser as
mãos, os pés, a linha dorsal, como é que deve ser a
cauda. Hoje em dia já não é permitido na grande maioria dos
países a amputação das orelhas e das caudas, só em casos raros
continua a ser autorizado a amputação da cauda e isto inicialmente nos
cães de caça, porque como sabe os cães de caça são cães
que têm uma cauda que se movimenta muito e muitas vezes é
contraproducente ter uma cauda comprida porque ela depois vai bater na vegetação
e vai ferir. E portanto essa é a razão pela qual os
cães de caça, na sua grande maioria, têm as caudas amputadas. Cães
de caça,
José Homem de Mello
Dos de parara? Depende dos cães, por exemplo, os coqueres tinham caudas
amputadas, os bracos também tinham caudas amputadas, algumas raças de caça tinham
raças amputadas exatamente devido a esse problema. E depois também é descrito
a movimentação do cão e, finalmente, quais são os principais defeitos graves,
muito graves e desqualificativos de cada raça. E, portanto, quando julgamos exposições
caninas, temos que ter em conta essas características que são descritas e
temos que comparar o cão que temos à frente com o cão
ideal, que não existe, não é? Não existe o cão perfeito. E
depois há aquela
José Homem de Mello
completamente desfasado da função inicial que tinha. Exatamente. Essa é uma questão
que hoje em dia cada vez é mais importante. Este movimento começou,
essencialmente, na Inglaterra e eles dizem que um cão tem que ser
fit for function. Portanto, o cão tem que ser construído para a
função que tem.
Ele
tem que, digamos, ser capaz de desenvolver a função para que foi
criado. O que acontece é que em muitas raças os criadores começaram,
digamos, a exagerar e chegámos a um certo ponto em que houve
mesmo cães que começaram com problemas de saúde graves devido a esse
exagero, não é? E hoje em dia a funcionalidade é, digamos, o
grande objetivo
José Maria Pimentel
da maioria dos criadores de qualquer raça que seja. Voltando a este
movimento de homogeneização, ou seja, de standardização das raças, a ideia que
eu tenho é que, como noutras coisas, Portugal acabou por chegar um
pouco tarde a esse movimento e isso explica o facto de nós
termos algumas raças, como Salveiro e Predigueiro, por exemplo, que são mais
polivalentes do que o equivalente das raças inglesas ou franceses, sobretudo provavelmente
inglesas, daquele tipo. Eu tenho a ideia que o predigueiro é um
cão quase de multifunções na cárcel. É um cão, por exemplo, de
apontar, mas também de ir buscar, sabe? Sim, Mas repare... Se calhar
estou enganado, atenção, é uma coisa que me lembro desde sempre.
José Homem de Mello
Algumas raças foram, principalmente as raças inglesas, fizeram mais esse afunilamento, não
é? Haver, digamos, um cão ser criado e uma raça ser criada
para um fim específico e, digamos, com fronteiras muito fechadas. Mas penso
que nas nossas raças não. Isso não foi uma ideia que foi
desenvolvida. Temos os cães de caça e, repare, mesmo os pudengos, muitas
vezes são cães que são polivalentes. Mesmo o cão d'água, há bocadinho
eu dizia, É um cão que também era de guarda, guardava as
redes de pesca. Acho que é um bom posicionamento, não é? Um
cão que tem que... Se ele puder desenvolver várias funções, ótimo. E
se as desenvolver bem, ótimo.
José Homem de Mello
o cão de apontar tem que ser, como disse, muito bem, tem
que ser um cão rápido, tem que ser um cão com uma
passada mais ampla do que um retriever. Um retriever, por exemplo, o
retriever do labrador. O retriever do labrador são cães que
não
são magros, são cães que essencialmente são cães... Até têm alguma tendência
para engordar. Exato, E que devem ser ligeiramente gordos. E porquê? Porque
eles têm que se atirar à água, têm que ter um fato
para os proteger. A gordura, como se costuma dizer, é a famosura
neste caso. E, portanto, é aí que reside, digamos, a diferença, não
é? Os galgos, a função deles não é tirarem-se a água para
ir buscar uma presa, é correr atrás dela. Ora, um galgo se
fosse forte, se fosse gordo, não conseguia correr, não é? E por
isso é que eles são magros e têm as patas altas. Tem
que ser só músculo no fundo, não é? Exatamente. Por exemplo, temos
outra raça que está no segundo grupo, que por acaso também não
tem nada, que é o cão da Terra Nova, que são cães
de porte, que são cães grandes e que foram, digamos, a sua
raça foi apurada para busca e salvamento de pessoas no mar. E,
portanto, têm que ser exatamente cães com um pelo denso, com uma
cauda também forte, para isso, para poderem atirar-se à água e não
sofrerem com o frio e poderem desenvolver a sua função.
José Maria Pimentel
Sim, e na verdade dentro destes grupos há uma série de funções
que muitas vezes até cruzam, não é? O caso do cão d'água
é interessante. Sim, sim, sim. Eu não fazia ideia que o cão
d'água tinha essa função de cão de guarda. Sim, sim. É engraçado.
E ao mesmo tempo é uma experiência interessante quando a pessoa tem
cães de raças diferentes, como é o meu caso, perceber como o
temperamento deles é tão diverso. Como vimos há bocadinho, tenho uma cadela
pastor belga e outra cadela setter irlandês. Portanto, um cão de pastoreio,
não é? E de guarda também. O
pastor belga
faz as duas coisas, mas é sobretudo um cão de pastoreio, por
estar no grupo 1, não é? E outro cão de apontar. E
é interessante que eles têm uma abordagem completamente diferente. O céter é
um cão muito de explorar a envolvência, não é? Por ele... Por
acaso, ele não é tanto assim porque mimetizou algumas características da outra,
mas é um cão de explorar, não
José Homem de Mello
Porque se dissermos que os cães são inteligentes porque cumprem, digamos, as
nossas ordens, porque aprendem rapidamente as nossas ordens, pronto, é uma coisa
agora, repare, se puser o seu cão, a sua cadela pastor belga,
Numa prova de caça e disser para ela ir por... Ela não
é inteligente para fazer nem desse aspecto, não é? Portanto, como eu
disse, e exatamente isso é o essencial, cada cão tem a sua
função. Portanto, aí é que eles têm que ser, entre aspas, inteligentes.
Portanto, eles têm que desenvolver bem as suas funções. Hoje em dia,
já deve ter ouvido falar nisso, muitos cães estão a ser treinados
para detecção e agora até de pessoas infectadas com a Covid. Outros,
dou-lhe um exemplo de uma raça portuguesa e volto ao cão d'água.
O cão d'água, porque razão é que o Obama teve cães d'água.
Porque o cão d'água não provoca alergias normalmente ao seu dono. O
tipo de pelo... Pois, eu tenho um amigo que tem um cão
de árvore
José Homem de Mello
é? É, portanto, a sua constituição genética... E essa é a razão
porque as filhas do Obama tinham alergia a cão. A razão porque,
primeiro, era tradição haver cães na Casa Branca, não é? Outro aspecto
extremamente engraçado é que os cães e também os cães d'água estão
a ser treinados para acompanharem diabéticos. E, portanto, quando os diabéticos têm
as crises... Sim, quando têm picos, não é? Eu apanhei sem tempo,
sim. Exatamente. O cão deteta e avisa o dono. E ele deteta
como? O cheiro. Pelo cheiro? Pelo cheiro. Mas então tendriam a ser
os hounds, não é? Pois, mas ele também se detecta. São algumas
características que se vão descobrindo nos cães. Por exemplo, os springers são
cães que também estão a ser treinados para a detecção. Os springers
eram quais? Já não me lembro. Os English Springers de painel, que
estão também no oitavo grupo.
José Homem de Mello
Não, isso é um movimento que, pelo contrário, é criticável. E o
que tem acontecido é que tem sido feito essencialmente para benefícios financeiros.
Por exemplo, crianças autistas é uma... Tem sido uma das situações em
que os sucessos que têm sido atingidos são extraordinários. Ainda há pouco
tempo me mandaram um filme de uma criança autista que se autoflagelava
e que o próprio cão impedia à criança de autoflagelar-se e que
conseguia. Portanto, quando ele via que a criança começava a autoflagelar-se, ele
punha a pata, pedia festas,
não sei o quê,
e a certa altura realmente a criança parava e a mãe dizia-lhe
que só o cão é que conseguia exatamente atingir aquele objetivo. Mais
ninguém, mesmo os pais agarrarem, não conseguiam. Agora, como lhe disse, hoje
em dia o que acontece é que determinadas raças estão a ser
utilizadas com vários fins. Por outro lado, existem alguns cruzamentos de raças,
mas com fins que no meu entender estão completamente fora do normal,
com fins financeiros, como por exemplo o Labradoodle, que é um cruzamento
do Labrador com o Poodle, o American Bully, que é o cruzamento
do American Staffordshire com o Bulldog inglês e enfim. Por exemplo, Chihuahuas
sem pelo, coisas completamente incríveis, que são vendidas por milhares de euros.
José Maria Pimentel
Sim, mas por motivos estéticos. Exatamente. Mas é interessante falar disso porque
eu lembrei em tempos de apanhar, não sei onde, mas apanhei qualquer
coisa sobre isso, de um argumento que eu achei, pelo menos em
teoria interessante, não tenho a certeza, imagino que na prática tinha algumas
limitações a favor desses crossbreeds, misturas de raças, e que era um
argumento pelo contrário funcional. E qual era a lógica daquilo? A lógica
é que as raças que nós temos atualmente, precisamente como nós já
dissemos, foram desenvolvidas com uma determinada função que afunilou características em detrimento
de outras, o que é evidente, não é? E isso dependia pelos
motivos. Ou seja, eram cães que, sei lá, por exemplo, os Bussey
Hounds, por exemplo, têm as orelhas descaídas e umas orelhas grandes, salvo
erro...
José Maria Pimentel
Mas é um argumento que me faz algum sentido, que poderiam ser
raças mais adaptadas aos dias de hoje, em que uma pessoa quer
um cão ativo, quer um cão inteligente, mas não quer um cão
que, entre outras coisas, tenha... Os border collies, por exemplo, são conhecidos
por andar a pastorear tudo o que mexe, não é? Sim, sim,
sim. A volta das crianças e não sei o quê. Sim, sim,
é isso. E depois também é frustrante para o cão, não é?
Aquilo que nós dizemos há um bocadinho. Claro que é. Um cão
que não tem para a sua função, não é? Por isso é
que
José Homem de Mello
eu disse, mas repara, uma das coisas que eu digo sempre às
pessoas, quando me dizem ah, eu gostava de ter uma raça, que
raça é que me aconselhas? E eu digo-lhe sim. Depende. Sei lá,
depende, claro. Depende. Agora, o que é certo é que quando se
escolhe uma raça, e agora eu não tenho nada contra os cães
rafeiros, mas quando eu escolho uma raça, 90 e muitos por cento,
eu sei que aquele cão vai ter um determinado tamanho, vai ter
um determinado comportamento, vai ter uma esperança de vida de um determinado
número de anos, vai ter um tipo de pelo que eu sei
qual é, vai ter um temperamento que eu sei qual é, portanto
eu sei o que é que vou ter quando... Porque como sabe
todos os cachorros são extremamente apetecíveis, não é? Ora, quando vai a
um canil para adotar um cão ou um cachorro, não sabe o
que é que traz para casa. Portanto, se for um cão adulto,
já sabe que traz um cão com determinado tamanho, não sei o
quê, não sei o quê, mas não sabemos nunca os temperamentos e
por aí fora, não é? Portanto, o que eu digo sempre é
que para ter um cão, eu aconselho sempre as pessoas a terem
um cão de raça e a escolherem, a pesquisarem. Hoje em dia
é fácil e pesquisar na internet e até há muitos sites que
podemos responder a um determinado número de questões e eles apontam uma
raça ideal para os nossos objetivos, não é? E aí sabemos que
vão-nos ter e, digamos, conseguimos mais de 90% ter sucesso. Muitas pessoas
que optam por
José Homem de Mello
Mas eu conheço muitos, eu por acaso não tenho, mas já tive
cães rafeiros, mas conheço muitos criadores e muitas pessoas que queriam cães
de raça que têm rafeiros, não é? E que adotaram rafeiros. Agora,
o que eu digo sempre, e quando se fala e quando hoje
em dia se fala muito nos cães errantes e nos cães que
são abandonados, se for um canil, A esmagadora maioria dos cães que
estão abandonados são cães de raça indefinida. A esmagadora maioria. É raro
ver-se um cão de raça. Ora, portanto, o que é que acontece?
Esses cães são produtos de pessoas que cruzam irresponsavelmente e que depois
se veem com um determinado número de cachorros e sem possibilidade de
os oferecer ou colocar em algum sítio. Eu espero, não sei como
é que está a situação, mas nestes tempos de pandemia houve imensas
adoções de cães, porque, como sabe, as pessoas podiam sair para passear
o cão
e não
sei o quê, estavam em casa. Vamos ver o que é que
vai acontecer no futuro. Hoje em dia as pessoas estão mais responsabilizadas
porque os cães estão microchipados. Se abandonarem um cão as pessoas já
são, digamos, responsabilizadas por isso. Vamos ver o que é que vai
acontecer. Se nós formos, por exemplo, para os países nórdicos, sabe que
é raro ver-se um cão. Primeiro, é raro ver-se um cão de
raça indefinida, segundo é, é raríssimo ver-se um cão errante.
José Maria Pimentel
Qual é a sua opinião sobre isso? Porque foi até engraçado que
estava a falar com o meu pai no outro dia, estava a
falar desta conversa, e ele também tem um cão, e incumbiu-me de
fazer essa pergunta de qual era a sua opinião sobre o... Eu
já me esqueci, agora que me estou a lembrar, dos cães nos
restaurantes, porque o que eu acho que acontece, nós em Portugal somos
muito refratários em relação a isso. Nós, que é como quem diz,
os donos dos restaurantes. E eu acho que há alguma legitimidade porque
é um problema de ouvida galinha porque de facto os cães também
estão muito menos bem educados em Portugal do que provavelmente nesses países.
Portanto é legítimo a preocupação deles, não é? Embora se fosse... Desejava
que a pessoa pudesse levar o cão para todo lado porque isso
aumentava o bem-estar
José Homem de Mello
Exatamente. Eu acho que deviam. E hoje em dia, por exemplo, nós
vamos, basta irmos aqui a França, em Espanha não, mas em França.
Em França todas as pessoas levam os cães para os restaurantes. Agora,
o que é certo é que as pessoas educam os seus cães
e os cães comportam-se, não incomodam absolutamente ninguém. Porque não, não tem.
Na Finlândia, em Inglaterra, em França, nós vamos a qualquer sítio e
as pessoas estão ali deitadas ao lado e eles estão sossegados sem
fazer absolutamente nada. O problema é a parte social, não é? Repare,
é a mesma coisa que nos hotéis. Há países em que é
fácil, em Mís, com cães para hotéis e os cães vão para
os quartos e estão, socializam sem problema nenhum. Em outros países que
não, e porquê? Porque os donos, alguém leva um cão e o
cão faz as necessidades no quarto, roi não sei quê, destrói não
sei quê e pronto, é uma questão social. Também talvez seja alguma
questão de literacia,
José Maria Pimentel
ou seja, o José falava há bocadinho da pessoa poder ir à
net e ver um site qualquer de qual é o cão mais
indicado. Mas, da minha experiência, eu lembro de ver alguns sites desses
e aquilo não era especialmente informativo. Ou seja, era muito ambíguo e
depois as pessoas muitas vezes podem ser levadas, se não forem contextualizadas,
a escolher um cão que na verdade não tem a ver muito
com elas. Olham por um ímpeto qualquer e depois tem um, sei
lá, um pastor alemão num apartamento pequenino
e depois
tem um no Pouco, quer dizer, alguma coisa de qualquer absurdo. Que
depois tem vários... Repare,
José Homem de Mello
é a mesma coisa que se dizer que uma pessoa que vive
num apartamento quer um sombrenardo, quer dizer, não é possível. Sim, sim.
Para caso eu tinha uns vizinhos que tinham um sombrero. Quer dizer,
o cão pode-se portar muito bem, mas o cão não é um
cão feliz. Claro, claro. Por exemplo, a minha raça, os basseanos são
um cão de matilha, um cão de caça, um cão de matilha,
que não é um cão para viver num apartamento sozinho. E eu
digo sempre às pessoas, às vezes ligam-me, eu praticamente, eu só crio
uma aninhada por ano e normalmente temos um grupo de, digamos, de
criadores a nível internacional e trocamos os cães entre nós. Mas muitas
vezes digo às pessoas, repare, ah, mas diga-me alguém que tenha. E
eu digo, pergunto no clube, no Bacelã do Clube de Portugal, veja
os criadores. Mas isto não é um cão para ter num apartamento
e para sair de manhã e voltar à tarde e o cão
estar lá sozinho. Porque é um cão de matilha, ele necessita de
companhia. E é melhor ter mais do que um, então. Exatamente. Ou
um cão e um gato, ou um cão e um coelho, não
pode ser porque senão ele matava, mas um cão que... Algo que
faça companhia ao cão. Senão ele vai ter problemas, o cão começa
a oivar durante o dia, o cão vai raspar, o cão vai
ladrar,
José Homem de Mello
para ter tantas características. Eu vou-lhe dar, por exemplo, um exemplo. Eu
estive a julgar agora há pouco tempo em Espanha. E julguei Rottweilers.
E julguei, tinha vários cães em ringue e dois cães tentaram morder-me.
E eu, pedidos para sair do ringue, não julguei e foram... Imagino
que isso dê desqualificação, não é? Exatamente. São 10 eras de treino.
Acabo de julgar, este fim de semana, na Finlândia. Estive a julgar
Rottweiler. Nenhum, nenhum tentou sequer um gesto de ataque ou de qualquer,
digamos, atitude mais agressiva. E isto eu digo sempre, repare, se puser
na mão de um delinquente uma arma, ele é capaz de matar
alguém. Se lhe puserem uma arma na sua mão, não vai matar
ninguém, pois não? O cão é a mesma coisa. Se se puser
um cão nas mãos de uma pessoa que incentiva o carácter do
cão, o cão vai ter uma postura completamente diferente que se o
puser na mão de alguém que o trata normalmente e que o
educa. Eu não tenho dúvidas de que é possível, com qualquer raça
considerada perigosa, educá-lo
José Homem de Mello
Está frustrado. Está frustrado, não é? Não acho, não acho. Não sou
dessa opinião. Como eu disse há pouco, o cão foi criado... Ele
pode ter, digamos, esse objetivo, mas não é um objetivo que seja,
digamos, latente, que esteja à flor da pele. Poderá haver algumas exceções,
não é? Pela experiência que tenho tido, e acabei de lhe dar
este exemplo destas duas experiências que tive há pouco tempo, acho que
nós não devíamos falar em raças perigosas, até porque, repare, estatisticamente as
mordidas que são reportadas anualmente, na sua grande maioria, não vêm muitas
delas destas raças. É? Porquê? Vêm muitas vezes de raças do nono
grupo de cães de companhia. De caniches, de chihuahuas, de isto e
daquilo. Esse cães muitas vezes é muito agressivo. É uma escolta tão
pequena que ninguém liga. Exatamente. Porquê é que eles são tão
José Homem de Mello
desses cães pequenos. Mas há, mas como eu lhe disse, ainda há
pouco tempo falava com uma professora daqui da Escola Superior de Mecina
de Fortunária sobre comportamento animal e ela era exatamente dessa opinião. E
ela é contra a listagem de raças perigosas. Acha que essa listagem
não deveria existir e deveria existir, digamos, regras para cães de todas
as raças, não é? Porque, repare, não é muito natural que isso
aconteça, mas pode ter um cocker, por exemplo, que é um cão
agressivo e esse cão não está sujeito às medidas legais para passear
na rua que está sujeito um Rottweiler e pode ser muito mais
perigoso que um Rottweiler. Sim,
José Maria Pimentel
Aliás, nós não falámos disso há bocado, mas os cães do grupo
2, os cães de guarda, A ideia que eu tenho é que
embora eles fossem cães selecionados para terem não só agressividade, como poder
físico, contra, por exemplo, os lobos, são normalmente cães muito dóceis relativamente
a alguns e até para chorrentos, não é? Exatamente. Porque aliás a
função deles era estar lá quietos
José Homem de Mello
É, muito engraçado. Olha, eu dou-lhe um exemplo, eu quando era muito
miúdo, três, quatro, cinco anos, tivemos sempre boxers em casa. Eles connosco
eram gatos. Nós fazíamos-lhe 30 por uma linha, puxávamos as orelhas, Ninguém
entrava o portão da nossa casa. Ninguém. Porque eles atacavam e não
deixavam entrar. Mas connosco eram extremamente dóceis, nunca ninguém foi mordido por
nenhum cão daqueles. Sim, A minha experiência também é essa, embora de
paisagem, casos conhecidos de boxers. Até houve
José Homem de Mello
Porque, repare, É um cão pequeno, é um cão engraçado. Eu não
acho muito engraçado por acaso. Eu também não, mas... Sou um cara
tradicionalista. Mas é um cão que é pequeno, que é fácil de
ter em casa, que não necessita muito exercício. E pronto, é um
cão que se adapta à vida atual. Repare, o pudengo português pequeno
é um cão que está a ter imenso sucesso a nível mundial.
Porquê? Porque é um cão rústico, é um cão pequeno, é um
cão engraçado, é um cão temperamento engraçado e é um cão portátil,
que se adapta lindamente à realidade atual, à nossa realidade social atual.
Pessoa que vive num apartamento e pronto. E é isso que leva,
digamos, à popularidade das raças. Eu acho que hoje em dia a
popularidade das raças está muito intimamente ligada com o modo de vida.
E as pessoas deixaram de viver, na sua grande maioria, em casas,
passaram a viver em apartamentos e, portanto, não podem ter cães de
grande porte e, por isso, as raças hoje em dia... Tem algumas
modas, não é? Exatamente. Há uma raça que
José Maria Pimentel
Embora requeira muito... Eu nunca tive nenhum, mas imagino que requeira muito
despendido de energia. Sim. E não é só isso, não é? Aliás,
eu até... Soube uma coisa engraçada que uma vez aprendi com um
tipo que era treinador de cães e eu fui lá com a
minha cadela, o pastor belga, e ele mostrou-me uma coisa que é
mais ou menos destas coisas. São obvias em retrospectiva, mas que na
altura nunca tinha pensado. Aquilo que ela quer não é necessariamente que
nós a pessoa o temos, por exemplo, a gastar energia. Aquilo que
ela quer, isto é, aquilo que mais a motiva, quer dizer, que
mais a... Que mais... Que mais bem estar-lhe produz, se quisermos, é
cumprir uma função. E, portanto, ela acalma-se muito mais se estiver a
trabalhar connosco, mesmo que contra ela curta, a fazer um percurso qualquer
José Homem de Mello
Exatamente. É isso, é isso. E portanto, para nós, ele ir por
ali, eu ir por ali, é igual, não é? Mas para ele
não, Porque ele
sabe
que ali tem o rastro e vai a seguir o rastro da
peça de caça e por aqui não há rastro nenhum e não
vale a pena agora. E portanto, se compararmos esta postura com a
postura de um cão de pastor, nós sabemos que o objectivo está
ali, que é o gado, ele está aqui e nós mandamos-o para
a direita ou para a esquerda, não é? Ora, nós, o cão
de rastro, nós não vamos mandar para a direita nem para a
esquerda. Ele é que nos vai dizer vir à direita e tu
viras à direita e vir à esquerda. Não somos nós. Nós é
que vamos, digamos, seguir o caminho dele e não dar-lhe as indicações
que caminho é que
José Maria Pimentel
ele vai seguir. Sim, sim. Não, é isso. Mas ela fazia umas
coisas engraçadas. Por exemplo, às vezes eu... Às vezes detectava padrões ou
sinais que eu estava a enviar sem eu quererem enviar. Como, por
exemplo, ela começava a vestir-me para ir correr, por exemplo. Começava, sei
lá, vestia os calções e ele naquele momento ficava numa chitação, porque
leva normalmente para correr e eu naquele momento inicialmente não estava a
perceber porquê. Depois eu percebia, ok, tu já percebeste que é um
pouco... E muitas vezes podia-se até passar um período em que eu
não ia correr muitos meses, ou seja, aquilo passavam-se meses ou semanas
e ela, no entanto,
José Homem de Mello
promover? O Junto de Pequenos está a ouvir, especialmente. Eu penso que,
como disse há pouco, o
Podemgo
Português Pequeno é uma das boas raças, das boas nossas raças e
porquê? Porque exatamente o que eu disse há pouco, adapta-se à nossa
realidade de vida atual e portanto é um... Porque as outras raças,
por exemplo, eu adoro o Serra da Estrela, Foi o meu primeiro
cão. O meu primeiro cão eu tinha... Ainda não tinha um ano
quando o meu avô me ofereceu um cachorro-serra-da-estrela que devia ter uns
meses. Mas é um cão muito bonito, mas que hoje em dia
é difícil ter-se para quem vive no andado.
É
muito grande. Não deve ter um cão da Serra da Estrela. Portanto,
eu penso que hoje em dia, perdigo a irma portuguesa, mas penso
que a raça, houve uma altura em que o cão d'água, e
continua a ser, o cão d'água é uma raça muito popular, infelizmente
os melhores cães d'água portugueses já não estão em Portugal. Ah, é?
Os
melhores
cães de água portugueses hoje em dia estão nos países nórdicos. São
os criadores dos países nórdicos que atualmente têm os melhores cães de
raças portuguesas. Infelizmente, alguns criadores, uns morreram, outros deixaram de criar e,
digamos, a qualidade baixou muito.
Mas quando diz
a qualidade neste contexto quer dizer o quê? Morfologicamente os cães mais
bonitos. Ok. E o número de efetivos também baixou. Por isso é
que eu digo, nós para salvarmos as nossas raças temos que as
divulgar a nível internacional, porque nós somos um pequeno país. Precisamos de
criadores estrangeiros que criem as nossas raças e que divulguem as nossas
raças. E esse trabalho deve ser feito pelos clubes de raça nacionais
das raças portuguesas. Por exemplo, como ele disse, os pudengos portugueses estão
a ter um sucesso enorme nos países nórdicos, nos Estados Unidos também
já, e por exemplo os cães de água. Houve uma altura em
que os cães de água estavam no Guinness Book do Cão Mais
Raro do Mundo. Ah, sim? A raça foi, entre aspas, salva por
uma senhora americana que levou para os Estados Unidos vários cães, digamos
com aquele extremismo americano que queria ter o cão mais raro do
mundo e que depois desenvolveu e a raça foi salva depois a
partir daí, não é?
José Homem de Mello
que isso está a acontecer. Claro, claro. Bom, livros. Livro ou livros?
Livros. Livros. Eu acho que vou mencionar dois livros, um deles, e
puxando abraço às nossas raças, é o livro de raças portuguesas editado
pelo Clube Português de Canicultura. É um livro bilíngue, extremamente bem ilustrado.
É um livro a mencionar. E outro livro é o livro de
Stallones, publicado pelo Canal Club inglês. Também é um livro extremamente interessante,
muito bem ilustrado e que também é essencial consulta. É um dos
livros que eu, quando tenho algumas dúvidas, consulto, em algumas raças, é
aí que eu vou. Ok, muito bem. José, obrigadíssimo. Nada. Foi uma
excelente conversa. Espero que tenha atingido os seus objectivos. Atingiu.
José Maria Pimentel
Um tema que ainda não tinha trazido. Este episódio foi editado por
Martim Cunha Rio. Visitem o site 45graus.parafuso.net barra apoiar para ver como
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avaliando-o nas principais plataformas de podcasts e divulgando-o entre amigos e familiares.
O 45 Graus é um projeto tornado possível pela comunidade de mecenas
que o apoia e cujos nomes encontram na descrição deste episódio. Agradeço
em particular a Tomás Fragoso, Gonçalo Monteiro, Nuno Costa, Francisco Carmona Gildo,
Mário Lourenço, Carlos Ceiça Cardoso, José Luís Malaquias, Diago Leite, Carlos Martins,
Corto Lemos, Margarida Varela, Filipe Bento Caires, Miguel Marques, Família Galaró, Nuno
Iana, João Ribeiro, Miguel Vassalo e Bruno Heleno. Até ao próximo episódio!