#8 Pedro Janela - Marketing, Negócios, Tecnologia

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Bem
José Maria Pimentel
vindos ao 45°. Neste episódio estou a conversa com Pedro Janela. Pedro Janela é CEO do iGroup, que é o maior grupo de capitais nacionais dedicado ao marketing digital e, entre várias outras ocupações, é também docente na formação de executivos da Católica Lisbon. Para além da experiência em negócios e marketing, Pedro Janela tem formação de base em Engenharia Electrotecnica, o que lhe dá uma perspectiva singular sobre a evolução tecnológica e, sobretudo, a sua aplicação ao marketing. Durante a conversa, que foi muito animada, falámos destes temas, tecnologia e inovação, marketing e também internacionalização de negócios e de vários outros assuntos que foram surgindo. Ora ouça! Pedro, obrigado por teres aceitado o convite. Obrigado, Will. Para vir ao 45°. Há essencialmente duas razões pelas quais eu acho que dás um convidado interessante para este programa, para este podcast. Por um lado, tu és alguém que trabalha em marketing digital há muito tempo e, portanto, conhece o seu setor, mas conhece-o, ou e conhece-o, com uma perspectiva diferente de muitas outras pessoas porque o teu próprio background é engenharia, portanto, está ligado à inovação. Engenharia, eletrotécnica. Exatamente, e com especialização em robótica, não é? Eu isso achei engraçado. E, por outro lado, és não só uma pessoa que gera uma empresa, como alguém também, e isso foi, quando nos conhecemos, aquilo que eu achei cativante, que pensa também os temas, tem uma certa curiosidade intelectual por pensar estes temas. Eu acho que isso pode ser raro, não é necessariamente raro que a faça esse trabalho, porque se um tipo não fizer isso, também não tem pensamento estratégico. Na prática é quase essencial, mas como sabes, muitas vezes não acontece. Muitas vezes as pessoas têm o interesse por fazer, o que é essencial, mas não tanto o interesse por pensar, o que é essencial para a parte estratégica. E isso acho que dá uma conversa interessante para este programa. E, aliás, eu começava até, se calhar, para perguntar isso. Trabalhas já em marketing digital há, que há cerca de 15 anos, não?
Pedro Janela
Trabalho em marketing digital há cerca de, desde 99. A minha história é que comecei como diretor de informática depois de estudar e isso foi em 95, o primeiro site é programado um técnico em 94, portanto no advento do que nós conhecemos como World Wide Web, e quem está no advento de uma coisa tão poderosa como a troca de informação através de dois computadores em um formato textual e visual, percebe-se que muita coisa ia mudar a partir daí. E portanto eu depois acabo por ter a oportunidade de estudar marketing para os Estados Unidos durante um período curto de tempo, mas acabei por ligar o marketing à tecnologia e que em 95 ou 94 era uma coisa que ainda ninguém falava, mas que acabou por ser desde essa altura quase que o caminho que toda a gente está a ver e todos os anos se aproxima cada vez mais e que o marketing, o branding, a tecnologia, o chegar aos consumidores, a interação, a inovação, acabam por ser muito baseada no que a tecnologia digital está a trazer ao mercado e, portanto, eu estive, digamos assim, na Genes estudando marketing, estudando tecnologia, fazendo a programação do primeiro salho propiado em 94 e depois em 95, o que me levou mais para o lado do marketing porque acabei por ser, o meu primeiro e único emprego foi diretor de informática de uma agência de publicidade, o que me permitiu perceber como é que uma agência funcionava e a partir daí quando tive a oportunidade de ir de facto, não da parte operacional da agência, mas para a parte de front-facing do cliente e pensar na estratégia de marca, muito baseada em, digamos, quer até tecnologia digital, comunicação digital, tomei essa oportunidade imediatamente e logo a seguir, digamos assim, acabo por o bichinho empreendedor e ter a percepção de que eu só vou conseguir crescer financeiramente e crescer intelectualmente se gire a minha própria empresa e a minha própria equipa e tiver uma sociedade, portanto, lancei a minha primeira empresa neste domínio, que não correu bem, mas foi, digamos, a semente para a segunda, que de facto acabou por correr bastante bem e, portanto, desde 2002 até hoje, aqui é a mesma sociedade, que começa praticamente com 3 ou 4 pessoas e hoje se transforma num grupo de empresas que de um lado tem 270 pessoas e do outro deve ter mais umas 100, onde temos algumas participações. E portanto, todas elas têm sempre a visão do que é que vêm a seguir e todas elas têm sempre a velha máxima de onde é que está o oceano azul e todas elas têm de tentar entender que é muito mais difícil começar um mercado onde os clientes não estão a ver que possam comprar alguma coisa, mas entender claramente que mais vale ir para um mercado desconhecido que para um mercado que é conhecido por todos, porque aí a única coisa que nós vamos ter é pressão de preço. E isso depois acabou por nos permitir crescer numa altura, e crescer e sobreviver, diria eu, numa altura em que praticamente todo o mercado do marketing, que começa claramente a partir de 2001, 2002, começa a haver um desaparecimento, digamos, do que é a passagem dos orçamentos de publicidade pura para tudo o que são plataformas digitais, para tudo o que são redes sociais, para tudo o que são aplicações, seja de marketing e por aí adiante, e nós estávamos lá, portanto foi claramente apanhar toda essa via. Apesar do mercado, na minha opinião, ainda se vaziar nas métricas tradicionais que nada tem a ver com o que hoje em dia é o marketing.
José Maria Pimentel
Pois, mas exatamente, eu tinha essa impressão também. O nosso mercado, embora até o digital, do ponto de vista do consumidor, até tem uma penetração grande. O marketing digital, por si, ainda tem espaço para se
Pedro Janela
desenvolver, não é? O marketing digital, por si, tem imenso espaço para se desenvolver, por uma questão é que ainda não atingiu a maturidade. Sim. Ou seja, um, porque há novas coisas a entrar no mercado e, portanto, claramente essas ajudam, e são todas digitais, portanto, também não sabes onde é que o comércio acaba, não é claramente fazer sites, mas hoje em dia tem a ver também, claramente, com tudo o que tem a ver com tecnologias emergentes, seja realidade virtual, seja tecnologia de interação por voz, sejam tecnologias de melhoria do que tu podes fazer do ponto de vista de publicidade nas redes sociais, o que faz com que há sempre uma coisa nova para fazer e são tudo coisas que vão expandindo, digamos assim, o mercado, tirando cada vez mais o que nós falávamos de que serão os quatro grandes pilares tradicionais, rádio, televisão, imprensa e autovome, ou outdoor. Apesar do autovome e outdoor, continua bastante ativo e bastante forte.
José Maria Pimentel
Pois continua.
Pedro Janela
E não mudou, obviamente porque as pessoas continuam a andar aí de um lado para o outro na rua, mas apesar de estar a haver uma diminuição, pelo menos nos Estados Unidos, em tudo o que é autofome dentro dos centros comerciais e dos malls, porque há uma queda bastante acentuada do retalho tradicional, digamos assim. Portanto, talvez aqui ainda em Portugal...
José Maria Pimentel
Sim, em Portugal sente-se menos. Sente-se menos,
Pedro Janela
mas nos Estados Unidos qualquer pessoa tem por norma comprar online e talvez de vez em quando ir a ir a um centro comercial, portanto há uma total diferença de percepção do consumidor, até porque lá as distâncias são maiores para a pessoa ir a um local comprar e fazer e-commerce. Mas para te dizer que esses quatro continuam lá, continuam obviamente a esta componente da ideia, mas tudo o que tem a ver com a arte digital continua a crescer e portanto é claro, como tu costuma dizer, quando fazes uma empresa queres atar a mercados crescentes e não mercados vingantes e portanto não é uma decisão do ponto de vista estratégica muito inteligente, de alguma maneira, portanto é óbvio.
José Maria Pimentel
Sim, é relativamente evidente. Relativamente evidente. O problema depois é fazer. Claro, exatamente. E tens de
Pedro Janela
ter preparação, talvez técnica, porque aí foi o que mudou também há cerca de 15 anos atrás. A comunicação deixou de ser feita apenas por um estratéga, por uma pessoa que tinha uma ideia, mas há uma série de componentes técnicas muitíssimo mais complexas do que eram antigamente e, portanto, trouxe uma série de instrumentos e uma série de ferramentas e uma série de conhecimento que não estava imediatamente disponível a quem estava, digamos, num mercado mais tradicional. E, portanto, quem tinha essa capacidade de entender que a tecnologia, a engenharia de software, componentes técnicas do negócio, data-driven models, tudo o que era, o entendimento que muitas das equações algorítmicas de conversão iam estar baseadas em dados, isso acabou por depois transformar e continua a transformar de facto um modelo bastante emocional num modelo bastante mais racional. Não é que eu acredite num modelo puro racional, o marketing não tem nada de racional, portanto a cabeça das pessoas continua a ser muito emocional e continuas a necessitar, naturalmente, de tocar essas emoções e esses sentimentos e essa capacidade de ligar com o coração dos consumidores, porque eles acabam depois de ter uma decisão, em muitos dos casos, muito mais emocional do que propriamente racional, mas o que é um facto é que todos estes modelos de conversão digital são muito importantes e esses são data driven.
José Maria Pimentel
Mas quando dizes emocional versus racional, em que sentido? Do ponto de vista das... No sentido de quando tu estás a querer
Pedro Janela
impactar um consumidor ou um cliente com mensagem de comunicação e se o estás a fazer do ponto de vista do que é o consumidor particular e não uma empresa, uma empresa é bastante mais racional na sua somada decisão, mas que, digamos que, grosso modo, a comunicação, o marketing trata de tentar que uma marca ou um produto seja comprado, digamos, por um consumidor ou passa a ser comprado regularmente por um consumidor. E obviamente, se tu estás a falar de commodities, seja um fast moving consumer goods, seja, não sei, até automóveis, tem muito a ver com a criação, digamos, de uma emoção ou a criação de uma imagem de marca na cabeça do consumidor. E para tu conseguires gravar isso na imagem do consumidor, por muitos números que lhes atires, grande parte do teu consumo e grande parte daquilo que tu vais seguir tem sobretudo a ver com elementos emocionais do processo de construção da
José Maria Pimentel
marca. Sim, e que torna-o inconsciente muitas vezes, não é? E que torna-o
Pedro Janela
inconsciente. E, portanto, isso, a forma mais eficaz de fazer não é mostrando números e mostrando argumentos, apesar dos argumentos que têm que lá estar para construir uma boa comunicação de marca, são claramente uma composição eficaz de grandes ideias de comunicação que te vão fazer chorar, rir, emocionar, chatear ou vão-te alterar o estado emocional, porque essa alteração de estado emocional grava alguma coisa na tua cabeça e se fizeres isto muitas vezes a tua marca vai-se começar a construir naquele domínio que tu achas que efetivamente vai provocar mais vendas e portanto, neste momento o mercado divide-se muito entre quem faz o data-driven model de marketing e quem está, e continua a estar, na construção de ideias que vão, digamos, martelar ou vão cravar ou vão construir uma imagem emocional da marca na cabeça dos consumidores. E
José Maria Pimentel
que é menos subjetiva à parte mais analítica. Isso, isso. Agora fizeste-me lembrar de uma distinção que existe no estudo do comportamento do consumidor que eu sempre achei interessante e que suponho que ainda seja atual. Aprendi isto há poucos anos, mas suponho que ainda seja atual, que é a distinção do tipo de necessidades, e portanto tem que ver com isto que estamos a falar, em três tipos. O tipo chamadas necessidades funcionais, que é alguém que precisa comprar uma camisola porque tem frio, por exemplo, as necessidades identitárias, que é o tipo que compra a camisola, por exemplo, com o lobotipo de uma marca conhecida, para repararem que ele tem a marca, ou, e as, aquelas que se chamam hedónicas, não sei se a tradução, se em português haverá outra tradução, que é as necessidades estão relacionadas com o gozo e com o prazer, ou seja, a pessoa compra um gelado porque aquela é uma necessidade adónica.
Pedro Janela
Eu sempre achei engraçada essa distinção entre os três. Isso tem a ver com a pirâmide Maslow, se não me engano, e das necessidades Maslow. Eu não acredito tanto nesse modelo.
José Maria Pimentel
Até porque eles se interceptam, não é? Isso,
Pedro Janela
isso. Eu acho que não é... Estas teorias, de alguma forma, académicas, acabam, o modelo de serem teorias académicas, acabam por se certificarem pirâmides, matrizes ou alguma coisa qualquer entre as duas. E o ser humano não funciona em matriz e pirâmides, portanto funciona por 3 ou 4 coisas um pouco mais complexas, tem a ver com o teu sentimento de sobreviver e naturalmente de tu compras coisas que não precisas e portanto não te esqueças que o consumo atual e a sociedade em que vivemos é rica, de alguma maneira, e continua a crescer pelo simples facto de que nós queremos cada vez mais coisas das quais, na maior parte dos casos, não precisamos. E se assim não fosse, a economia era um desastre.
José Maria Pimentel
Claro, sim, exatamente. Porque
Pedro Janela
nós conseguimos sobreviver com 3 ou 4 peças de roupa ou uma, mas na prática temos que ter 20, portanto há aqui uma. E isso tem a ver com o sentimento de sobrevivência. E anos tínhamos menos. E isso nem tem a ver com o sistema de sobrevivência. A sobrevivência tem a ver com comprar comida, ir a restaurantes e comer mais do que devemos. Portanto, as pessoas costumam dizer que morre-se mais da obesidade, de fome, muito mais, porque as pessoas têm uma vontade de comer para sobreviver. A segunda tem a ver com o nosso instinto de duplicação e de sobrevivência pela reprodução, o que faz com que nós façamos muita coisa por esse simples instinto. Portanto, o ser humano tem uma capacidade de se querer ligar para se procriar, o que nos leva a criar um mercado só por isso e a nos diferenciarmos do nosso competidor mais direto nesse campo específico e é muito animalesco, não é? E nós não nos podemos esquecer que o nosso instinto que está na nossa cabeça, a maior parte das decisões que nós tomamos são totalmente animais. Exatamente. De comer, de procriar, de nos defendermos e naturalmente de querer saber mais. Porque nós ao querer saber mais, obviamente esta componente intelectual de conhecimento que tu fazes com este blog, portanto é uma...
José Maria Pimentel
Podcast. Desculpa, com este, desculpa. Com este não há problema.
José Maria Pimentel
Queres atacar? Porque há muitas pessoas que dizem blog, não sei porquê. É um blog áudio, vá! Exato, vamos ficar por aí. Peço desculpa aos ouvidos, é um blog áudio, atenção, eu estou a sangrar porque fui atacado com pistolas no incinente. Peço desculpa por ter chamado logo ao teu podcast. Não foi. Não me
José Maria Pimentel
fez um primeiro.
José Maria Pimentel
Mas eu estou no meio, não devia dizer estas coisas. O que é que eu tinha a dizer? E portanto, esta capacidade intelectual da pessoa continuar a evoluir, portanto, entre a
Pedro Janela
procriação, o comer e depois toda a... E obviamente todos nós queremos ser... Esta capacidade cerebral de querer saber mais para nos defender, para evoluir, para sermos melhores, para podermos sobreviver e depois toda a capacidade emocional. Portanto, o ser humano pensa, pensa com o coração, pensa com a barriga e pensa com uma parte aqui em baixo, que eu não vou
José Maria Pimentel
dizer neste podcast, mas são as tuas quatro áreas de sentimento e, portanto, o consumidor e a pessoa rolam muito à volta destas coisas. Se é para saber mais, se é
Pedro Janela
para sentir mais, se é para comer mais, se é para outras coisas.
José Maria Pimentel
É mais uma arte do que uma ciência, se há sentido, não é? E isso é uma arte,
Pedro Janela
mas não é a ciência uma arte, é muito, obviamente que é uma arte, mas é muito de tentar entender como é que os produtos e as marcas trabalham para cada um desses instintos e isso se faz com emoções, porque obviamente as empresas vão lá fazer a conta, se é mais barato, se é melhor, se tem a matriz toda de decisão, mas os consumidores não têm uma matriz de decisão, naturalmente têm por uma compra de algo que
José Maria Pimentel
não é. Não, e têm, mas não está à superfície, muitas vezes, e é idiosincrático, e é subjetivo. Isso,
Pedro Janela
E depende dos pares, e depende de onde vem, e depende de experiências passadas, e depende de boca a boca, e depende de uma série de coisas que são tudo menos racionais. E naturalmente quando tu fazes, por exemplo, uma campanha de comunicação que tem um filme que está na cabeça das pessoas e que te cou as emoções e que tu choraste e aquilo, cria-te uma alteração de estado emocional que te vai fazer recordar a marca num momento zero do consumo ou num momento em que tu inicias a descida no funil de compra de um determinado produto. Portanto, do awareness, da decisão,
José Maria Pimentel
do compra e por aí por aí. Mas tu tocaste há bocado um ponto interessante que é da dualidade, entre a parte quantitativa, analítica e a questão do marketing enquanto arte, se quisermos usar esta framúria. Para quem está no setor existe muito essa
Pedro Janela
luta, ou seja, existe essa quase duas escolas. Existe, não, eu acho que existem duas escolas, existem duas aulas, existem dois pensamentos, existem duas fações, existem, existe isso tudo. E, efetivamente, uma não vive sem a outra, ok? Não é, não, tu não consegues criar uma marca sem toda a componente de arte e tu não consegues ter, efetivamente, nos dias de hoje, uma boa campanha que não tenha métricas até ao fim, ou possível. E nós estamos neste momento num... Mas
José Maria Pimentel
eu tenho a sensação, desculpa interromper-te, eu tenho a sensação que
Pedro Janela
em Portugal ainda se usa poucas métricas, apesar de tudo. Usa-se poucas métricas porque as métricas que hoje conhecemos no marketing digital são métricas de big data e em Portugal não existe big data, existe little
José Maria Pimentel
data. Pois, exato.
José Maria Pimentel
Small data. E como há small data, tu não consegues inferir uma série de coisas e depois temos que entender. Mas o que
José Maria Pimentel
é que falta para haver big data? Se calhar é uma pergunta ingênua, na minha opinião.
Pedro Janela
Eu acho que faltam duas coisas. Uma, as plataformas que fazem inferência programática de dados, são praticamente todas norte-americanas e funcionam todos muito bem em mercados anglo-saxónicos ou em mercados que tenham dezenas de milhões de consumidores, que estão em digital a fazer as suas pesquisas. Nada existe em Portugal, nem na língua, nem as marcas portuguesas na sua maioria têm orçamento para poder pagar essas plataformas à data de hoje. Não quer dizer que daqui a 3 anos as plataformas não tenham o mínimo de 10 vezes o preço porque vão fazer. Portanto, nessa altura talvez. Mas para que tu possas fazer alguma inferência, algum trabalho, há um investimento muito grande que tem de ser feito pelas marcas e pelas companhias e naturalmente as multinacionais fazem do ponto de vista central e em Portugal há muito poucas empresas que efetivamente tenham a capacidade de fazer. O Portugal, a grande empresa que pensou o marketing desde o início chama-se Sonaio, não é? Portanto, a Sonaio é a única empresa portuguesa, os bancos também o fizeram, hoje em dia com menos capacidade, digamos assim, mas foi a empresa que mais investiu em tecnologia de marketing, em sistemas CRM, em automação de marketing, em empreendedor, portanto, há que ver que também o marketing e o estudo do marketing chegou tardiamente a Portugal e foi tomado pela banca e pela estada de comunicações e depois pelas grandes cadeiras de retalho, tinha um orçamento suficientemente grande para investir
José Maria Pimentel
neste tipo de empresas. Exato, tinha uma dimensão para isso. Mas, as multinacionais, se é verdade que as multinacionais têm a dimensão e, em certo sentido, também o mindset, porque normalmente são empresas cuja sede está fora de Portugal, portanto pensam em gestão a nível global. A sensação que eu tenho, eu não sei se partilhas, é que muitas vezes, por serem empresas muito grandes, por serem por natureza incumbentes do setor, também muitas vezes lhes falta a flexibilidade, é quase um jogo de rins para adotar o que é novo. Ou seja, muitas vezes, embora tenham a capacidade, também ficam presas àquilo
Pedro Janela
que... Sim e não. E também estás numa altura do mundo, neste momento, em que empresas muito novas são, de facto, muito grandes, e há que dizer que as 5 maiores empresas de prevalorização do boletim
José Maria Pimentel
Sim, as tecnológicas. Têm
Pedro Janela
menos de 20 anos, todas. Quer dizer, A Microsoft não terá e a Apple não terá, tem mais, mas a Microsoft 2 e a Apple 2 têm menos de 20 anos,
José Maria Pimentel
ou seja, porque houve um renascimento há cerca de 20 anos. Sim, sobretudo na Apple, exatamente.
Pedro Janela
Portanto, a Amazon, o Google, o Facebook, a Microsoft e a Apple, as 5 maiores empresas do mundo têm todas, de facto, São empresas muito recentes, o que quer dizer, e são as maiores empresas, não são as maiores por número de funcionários, mas são as maiores porque é posição bolsista, e estamos a falar de 5 empresas, essas 5 empresas somadas, devem valer cerca de 2.5 trilhões de dólares nos dias de hoje, o que quer dizer que devem ser a segunda economia do mundo, a terceira economia do mundo, a quarta, ou seja, depois da China, dos Estados Unidos e do Brasil, talvez, ou do Japão, são eles. O que faz com que sejam empresas muitíssimo importantes, então muito mais importantes que qualquer nação dos dias de hoje. E isso não é que não fosse verdade nos tempos de petróleo e coexem móveis, nos tempos de distribuição com o Almar, nos tempos do ferro com as empresas americanas desse setor, mas o que é um facto é que nunca houve um favorecimento tão grande para empresas tão ágeis, tão novas e que tenham uma capacidade financeira tão grande.
José Maria Pimentel
E começa-se a falar disso, começa-se a falar de, por exemplo, uma das razões porque se diz que as tecnológicas não entraram ainda, por exemplo, na banca, é algum receio de passar a ter um escrotínio muito maior e poder haver... Sabes
Pedro Janela
que eu tive uma conversa engraçada e falámos disso há pouco tempo, em que uma tecnologia que se transforma num banco tão escrotínio e total americano e transforma-se, se 1% do negócio deles for um banco, eles na lei americana, e atenção que estas 5 empresas são todas americanas, passam a ser um banco. O que é um passo que eles nunca vão fazer, porque é um sector demasiadamente regulado para que eles possam estar e temos que ver que estas 5 empresas são entendidas como muito boas, têm um problema muito grande nos dias de hoje que é a serem entendidas como monopolistas de alguma coisa, porque são todos, excepto a Apple, digamos assim, e que poderão ser quebradas, nomeadamente pelo setor relevantar europeu, que é o que está mais na frente disto, não é? Portanto, foi o único que se impôs, porque estas 5 empresas são muito boas e espetaculares, especialmente para os Estados Unidos, na Europa só trouxeram, entre aspas, desgraça e os consumidores estão contentíssimos, mas as mídias foram todas para o galheiro. É preciso continuar aqui do ponto de vista do desastre que houve em tudo o que eles puderam tocar, porque, por exemplo, no caso da Amazon, se tu fores ver as capitalizações bolsistas de todos os grandes montes do retalho americano, o valor de bolsa que eles perderam é exatamente igual ao valor de bolsa que apenas uma empresa ganhou, que chama-se a Amazon. O que quer dizer que é grave, porque aconteceu também na Europa, mas não está lá a contabilizar. Ainda não aconteceu.
José Maria Pimentel
Foi de poucos para um. Foi de muitos para um, aliás. Foi de muitos para um. E
Pedro Janela
no caso do Google e do Facebook, exatamente a mesma coisa, porque houve essa migração, tudo o que era investimentos de mídia tradicional, seja imprensa, seja o que for, para esses dois. Portanto, a questão agora é quanto tempo mais vai durar até que os reguladores europeus façam alguma coisa, porque vocês os primeiros a agir.
José Maria Pimentel
Os irmãos já começaram a agir, a Microsoft já teve processo... Mas
Pedro Janela
são multas, quer dizer, não é que a última multa mais séria, mas estamos a falar de multas de brincadeira.
José Maria Pimentel
Sim, eu percebo.
Pedro Janela
Qualquer coisa que, quer dizer, não é uma questão de dormir mal à noite ou não dormir mal à noite, não faz nenhuma diferença, ou seja, eles bastam aumentar em 0, 1% do custo por clique do Google e já foram uns 2 bilhões para trás e para a frente. Estamos a falar de empresas que têm mais do que estas neste momento, estão parqueados na Europa, eu acho que é a única razão por que não terem partido aquilo. Meio trilhão de dólares em ativos financeiros que ainda não exportaram para os Estados Unidos é capacidade financeira desta malta e estas multas é o que eles fazem em um dia de lucro, ou numa semana de lucro, portanto não estamos ainda num campo de... Eu acho que os reguladores não perceberam o que se passou e não perceberam claramente a diferença do ontem e de hoje, ou seja, ainda continuamos preocupados com se é que televisão compra aquele jornal ou se do que propriamente entender que o Facebook e o Google já ganharam isto há mil vezes e que são os detentores da atenção mundial por muito e que são os maiores meios do mundo. Talvez nos deixemos afastar do ciclo da conversa, mas é muito...
José Maria Pimentel
Não, mas a conversa não tem ciclo.
José Maria Pimentel
Não, pronto, então não estamos. Mas
Pedro Janela
este ponto, este ponto de... E o marketing digital, atenção, isto é importante perceber que é Google, Facebook, Amazon, nos dias de hoje, a tecnologia que nós utilizamos para o fazer, portanto, através da Apple e equipamentos da Microsoft e equipamentos que estão ligados ao ecossistema Android, que é da Google, diga-se a passagem, e portanto todo este ecossistema de publicidade é, eu diria, do ponto de vista de investimento de mídia digital, os dois que falo são responsáveis por 70% do mercado. E 70% do mercado a nível global é uma barbaridade. O único país que não está nesta história é a China, por razões que foi o único mercado, e é engraçado ver isto, foi o único mercado que tomou, e a Rússia também em certa medida, tiveram práticas absolutamente leoninas de impedir a entrada destes países naquele mercado. E foram os únicos que safaram. E tu dizes assim, eles fizeram bem ou fizeram mal? Claro que fizeram bem, porque a economia desenvolveu-se lá. Desenvolveram-se empresas, desenvolveu-se tecnologia e tu perguntas-me assim, mas a Europa devia ter feito o mesmo? De certa maneira devia, porque tu olhas para o sector tecnológico e olhas para as primeiras 50 empresas do ponto de vista de valorização bolsista a nível global e a primeira que aparece, europeia, chama-se SAP, e que não conta para o Toto Gola, conta um bocadinho para a evolução tecnológica e não há mais lá nenhuma, depois tens algumas chinesas e não há lá mais nada, E tu perguntas-te, mas que futuro tem a Europa se nenhuma das tecnologias prevalentes que hoje em dia existe, pode digital ou qualquer que seja, tem base europeia? Nenhuma. E portanto, depois tu levas isto naturalmente para... Isto é agora, já é agora assim. E só vai tender a piorar, porque esta malta tem neste momento orçamentos infinitos, que é isto que se trata, para fazer o que quiserem e para comprarem tudo o que merecem. E a Europa não conseguiu ajudar por esta paralisia de decisão internacional, não conseguiu, e talvez na banca tenhamos duas ou três hipóteses de ter alguma empresa de banca a nível global que possa mexer nisto, mas não conseguimos ajudar, que é o papel do Estado, ajudar a criar empresas sucessivamente fortes para competir à escala mundial na área tecnológica, por investimentos de defesa que foram feitos mas que acabaram por não ser recuperados. Naturalmente pela guerra que agraçou a Europa há 60 anos atrás que teve um impacto gigante no que está a acontecer agora, muitas pessoas talvez não se recordem, mas os investimentos de tecnologia que foram feitos e a existência de Silicon Valley deriva do desmantelamento do Departamento de Defesa a seguir à criação da bomba atómica aqui dos anos 50, e lá a gente foi da costa este para a costa oeste, e todos aqueles cérebros que estavam a construir todas as tecnologias que o Departamento de Defesa precisava por causa da Guerra Fria, foram criar coisas fantásticas lá no Silicon Valley, que era um sítio melhor para estar. Há
José Maria Pimentel
um trabalho que foi feito agora, não me ocorre o nome, mas que tem muita piada, até porque é um tema delicado, porque entrejou aquela questão do Estado versus privado e o que eles provaram, e eu acho que isto é verdade, independentemente da posição da pessoa neste debate, é que, era exatamente aquilo que estavas a dizer, é que o Estado americano, via orçamento de defesa, via investigação que foi feita, está na origem de, por exemplo, praticamente todas as componentes do iPhone, que falámos há pouco. Até o Siri tem origem no meu celular. E
Pedro Janela
as que não são americanas são israelitas, por causa da mesma treta, ou seja, do mesmo investimento massivo em tecnologia de defesa para estar à frente do inimigo, e isso leva por um esquema muito bem montado de israelita na produção de tecnologia, que por causa dos laços que existem com os Estados Unidos e civilização mais ou menos, ou seja, aquilo não é por acaso, não sempre por acaso, existe esta irmandade económica e vai tudo parar nos Estados Unidos a seguir, portanto, esta dualidade da criação de novas tecnologias para investimentos massivos em defesa que não têm nenhuma razoabilidade económica, tal como foi feita a bomba atómica, portanto aquilo não tinha nenhuma razoabilidade económica. A internet nasce de uma irrazabilidade económica do departamento de defesa norte-americana a fazer e a robótica é o que está a acontecer agora e nós não nos podemos esquecer que quando os Estados Unidos lançam um novo caça, que custa um bilhão, ou dois, ou três, ou quatro a fazer, uma das razões que eles o fazem é naturalmente ter o caça, mas o que é mais relevante à volta daquilo é tanto a tecnologia que aquilo vai permitir fazer que depois os privados vão ocupar e que os privados nunca vão pagar de volta. Tanto a discussão hoje é, mas nós temos o Facebook, o Google e Apple e esses gajos todos a parquear os impostos lá fora para não pagar impostos aqui quando o próprio Estado é que fez com que isto acontecesse por causa dos investimentos em defesa. Mas funciona, porque é muito favorável ao... Mas no final, e eu acho que isto é a questão mais relevante de todas, que talvez isto na Europa falhe verdadeiramente, em todas estas camadas burocráticas que nos Estados Unidos existem menos, não só políticas, mas também de taxação e também de ecossistema fiscal, de alguma forma. A primeira coisa na cabeça de uma sociedade abricana é o retorno para os investidores. E esse retorno para os investidores, tal como acontece, acaba por gerar ainda mais investimento e acaba por gerar uma aversão ao risco porque o dinheiro está lá mais cedo ou mais tarde, que leva à criação de uma dinâmica económica muito superior à que acontece na Europa. Porque há muito dinheiro a circular em digital, ou seja, para uma empresa como a Apple ter 200 bilhões na Europa, ou ter 200 bilhões nos Estados Unidos é diferente, está no balanço. E como está no balanço, a empresa RK mesmo pode ir ao banco e buscar mais 5 bilhões para fazer o que quiser. Ou seja, os balanços norte-americanos, eles não querem saber onde é que está o 0 e o 1. O balanço é tão forte, podem fazer aquilo que quiserem e isso leva a ganhos para o investidor e leva a ciclos de investimento em ideias, em startups, que não tem parálogos na Europa, porque esses balanços não existem, diga-se passagem, porque os balanços foram massacrados, digamos assim, pelo fisco e foram massacrados. E aqui em Portugal, e é um tema interessante da carga fiscal que naturalmente as empresas têm, eu acredito profundamente que as empresas, quanto mais taxadas são, menos capacidade têm de se desenvolver e naturalmente criar mais produtos para que naturalmente os consumidores os possam comprar, mas também há que dizer que não há nenhuma empresa que se desenvolva se os consumidores não comparem os produtos dela, então é um pau dois bicos.
José Maria Pimentel
Se os consumidores não tiverem dinheiro
Pedro Janela
não vai haver empresa nenhuma que sobreviva ou que se desenvolva. Apesar de, num mercado tão pequeno como o português, o nosso mercado não é Portugal. Nós temos que ter empresas suficientemente capazes de continuar a investir em si mesmas para continuar a exportar porque é a única forma de o país se transformar. Não tal vez se transformar com o turismo e também com o imobiliário de exportação, mas o que é um facto é que temes que ter capacidade
José Maria Pimentel
de cá. Sim, o turismo é diferente porque para o turismo o consumidor tem que viver connosco. Isso, isso, mas é uma exportação, não é? É uma exportação do serviço, mas que é prestado cá. Cá. Cá é o consumidor ser estrangeiro. E
Pedro Janela
que gera impostos indiretos em um volume bastante grande.
José Maria Pimentel
Sim, pois é. O que aliás é um argumento para aumentar o peso dos impostos indiretos em detrimento dos direitos, por exemplo. Mas a Europa depois tem vários problemas. Tem o problema de não é um mercado uno, ao contrário dos Estados Unidos, por exemplo, a questão do orçamento de defesa também tem que ver com isso, nós não conseguimos ter, aliás, é uma coisa que está agora em cima da mesa, ter o orçamento comum e uma política comum de defesa enquanto os Estados Unidos conseguem ter isso. Por acaso, o exemplo da Rússia é engraçado, que estava a falar há pouco. Num dos primeiros episódios estive à conversa com o José Melhados sobre a Rússia, ele falava da questão da intranet e do computador e o ponto que ele levantava faz todo o sentido que é, não foi por não terem aquela tecnologia, não foi para a Rússia não ter aquela tecnologia que ela não se desenvolveu lá. Ou seja, esse lado daquilo que eu falava há pouco, da pesquisa que estava por trás daquilo que depois veio dar origem ao F1, a Rússia tinha o mesmo ou praticamente o mesmo, eles andavam mais ou menos taco a taco. O que eles não tinham, e os Estados Unidos tinham, era uma economia privada dinâmica o suficiente para depois mastigar aquilo e isso é o ponto crucial. Eu acho que eles não tinham
Pedro Janela
mais do que isso. Há que ver que há uma invenção nos Estados Unidos, que veio da Europa mas depois foi muito desenvolvida nas muito boas universidades americanas, que tem a ver com o estudo de marketing e como é que o marketing
José Maria Pimentel
transforma... Certo, exatamente. E
Pedro Janela
estamos a falar que todas as empresas norte-americanas, o marketing é uma componente crítica do negócio, é visto como uma componente crítica do negócio. E no resto do mundo, e talvez só o Japão o teria feito, mas só começou a fazer depois da influência americana, diga-se de passagem, porque era um marketing muito interno, o resto do mundo não se apercebeu muito bem como é que este marketing de influência global podia fazer. Depois tiveram a sorte da língua e tiveram os potes Marshall e essas coisas todas, e tiveram, a seguir à guerra, tiveram naturalmente a americanização da sociedade ocidental, e toda a gente começou a comprar tudo da mesma maneira. Toda a gente bebe Coca-Cola, toda a gente faz McDonald's, toda a gente tem um iPhone, porque houve essa americanização da cultura e foi um processo de embaixada económica que a China começou a fazer de inverso, portanto, haver lojas chinesas e restaurantes chineses em todos os países do mundo não é por acaso, quer dizer, era
José Maria Pimentel
um investimento que a China fez para que aquilo acontecesse,
Pedro Janela
mas os americanos fizeram com essa componente do marketing e das marcas, de entender o consumidor, de serem muito mais analíticos no consumidor, isso foi a primeira coisa. A segunda, claramente que os modelos capitalistas que os Estados Unidos tiveram e de transferência para mãos de privados com um racional absolutamente ganancioso de fazer dinheiro acabaram por criar aquilo que criaram hoje, com estes 5 ou 6 players. Há que dizer que o Google provavelmente não existia nos dias de hoje, se não tivesse também havido regulação há uns tempos atrás, mas, ou seja, todo este ecossistema de investimento e de transporte de conhecimento público para as mãos de privados foi o que fez aqueles monstros, de facto, surgirem. E, por último, e bastante importante, tem a ver com a captação de talento que os Estados Unidos sempre fizeram pelo seu mercado universitário, aliado, naturalmente, àquilo que já falámos, de um investimento completamente desproporcionado pelo Estado norte-americano em coisas que têm, portanto, este círculo virtuoso. Captação de talento, investimento em ciências básicas sem nenhuma razão de ser. A captação de investimentos de eficiências básicas vem de Israel. A transferência com muito poucos custos, obviamente a patente das universidades, são hoje em dia as boas universidades da tecnologia americanas, são multibilionárias à conta dos registros de patentes e dos royalties que recebem, há que ver isso. Mas novamente são fundações ou estão na mão de privados. E todo esse ecossistema que depois passa para os privados e que gera muito dinheiro no balanço associado a um muito bom plano de marketing leva a um ecossistema nos Estados Unidos que é quase impossível de combater e depois a um mercado naturalmente de 300 milhões de pessoas em que a maior parte delas têm disposição de link-in para testar coisas que não fazem
José Maria Pimentel
nenhum sentido. E tem uma baixa aversão ao risco.
Pedro Janela
E tem uma baixa aversão ao risco. Eu acho que essa é uma das diferenças. E na Europa isso, quer dizer, várias línguas, vários mercados, várias regulações, agora já não temos várias moedas, mas tivemos, mas a questão da moeda é uma questão relevante, mas a questão fiscal e a questão de transferência de bens entre os diversos países é uma questão relevante, quer dizer, é mais fácil eu nos Estados Unidos, que temos lá um escritório, faturar a outro estado sem nenhuma complexidade, é indiferente, apesar de ter que abrir, digamos, o meu fiscal status, digamos assim, nesse estado, uma fatura transfronteiriça aqui na Europa é relativamente fácil, mas existe uma série para serviços, mas para outro tipo de produtos não é bem assim, e portanto existem limitações maiores do que existia no mercado americano, apesar de estarmos muitíssimo mais avançados do que estávamos há uns tempos atrás. Digamos assim.
José Maria Pimentel
Mas eu acho, tu tens sido agora nos últimos anos de experiência nos Estados Unidos e entraste em contacto com aquela realidade e acho que ter aprendido uma série de coisas que não sabias antes, embora a pessoa o tenha alguma noção à distância, mas aquilo que sempre me pareceu é que a mentalidade, e nós tangencialmente no fundo estávamos a falar disso, a mentalidade anglo-saxónica, não só dos Estados Unidos, mas dos Estados Unidos sobretudo. Quase pode dizer que o capitalismo foi lá inventado, ou seja, há uma...
José Maria Pimentel
Mas não foi, não é? Mas não foi, mas quase.
José Maria Pimentel
Pois é, por dizer que foi no Reino Unido, portanto inventaremos o mundo da glossáxonica, mas a mentalidade é bastante diferente. Eu costumo dizer que a cultura americana foi feita para os negócios, por exemplo, a nossa cultura latina foi feita para a família. O que não é mal, atenção. O
Pedro Janela
que não é mal. Só é diferente. Eu acho que há duas outras coisas ali que tu vejo nos os empresariais americanos, relativamente aos europeus, são bastante distintos e que te dão uma imagem do mundo. Se for um nome de lá, vou para lá, porque eu prefiro morar aqui. Prefiro e preferia viver aqui, teria hipóteses de lá estar a viver. Mas Uma das coisas que tu vês é que as empresas são geridas com uma organização e com uma planificação que tu não vês em quase mais parte nenhuma do mundo. Talvez na Alemanha vejas.
José Maria Pimentel
Mas diferente.
Pedro Janela
Sim, mas muito focada no negócio, muito focada em resultados, muito focada nos quarters, muito focada... Todas as empresas, pequenas ou grandes, estão sempre focadas naqueles 3 meses. Pode parecer, não penso a longo prazo, penso a longo prazo, mas apresentam resultados a curto prazo com viabilidade económica e isto dá ali um ritmo às empresas que é impossível de acompanhar, porque uma empresa que não pensa com o ritmo trimestral, como eles quase sempre pensam, acaba por ficar para trás. Portanto, o impor um ritmo muito veloz às empresas é por defeito nos Estados Unidos. Portanto, estás sempre a pensar no próximo negócio, no próximo mês, nos resultados. Pois tudo tem, tudo é descrito e tudo é quase colocado nas paredes e tudo tem um objetivo. E tudo tem um objetivo de ser maior e tudo tem um objetivo de ser melhor e tudo tem um objetivo muito ambicioso. Ora, na maior parte da cultura europeia, essa ambição financeira ou económica, em alguns sítios, em Portugal é um deles, apesar de hoje em dia ser menos, é mal visto. Lá não, lá é bem visto. Por último, as empresas são tão grandes, porque o mercado interno é tão grande, que tu ficas com uma preparação estrutural para competir onde tu quiseres. E o mercado europeu dificilmente permite uma empresa ser daquela escala e daquele tamanho, de uma maneira muito rápida, até porque as pessoas têm... Nós dizemos que os portugueses, uma pessoa faz qualquer coisa. É verdade, porque as empresas, tu dentro de uma empresa tens de fazer praticamente tudo, mas lá não é assim, a pessoa é altamente especializada a fazer aquilo. Portanto, as grandes empresas, tu faz aquilo, aquilo e só aquilo e a gente, ah, mas ser português é muito melhor. Epá, é. Se tiveres um problema, como costumo a dizer, epá, as empresas todas deviam ter um português lá na caixinha de vidro e dizer que quebraram em caso de emergência. Também já tinha
José Maria Pimentel
ouvido essa piada. Então, tu não és um português, mas no dia a dia, tu não queres lá, queres, sabes, português é muito bom, mas o que tu queres é de facto... Só para emergências. Tu
Pedro Janela
queres é o especialista a fazer aquilo muito bem feito, e é o que eles têm, porque é uma máquina e tem uma escala que nós não estamos incubados a fazer. A maior empresa portuguesa deve ser para a S.O.N.Y.C, deve ter umas 60 mil pessoas, talvez, não sei. Para 60 mil pessoas é um, pronto, é muita gente, mas isto nos Estados Unidos é o dia-a-dia, não é?
José Maria Pimentel
Sim, sim, a maior empresa em termos de número de empregados americano é o Walmart, sabe o erro? Sim,
Pedro Janela
o Walmart. Que tem... Um milhão de pessoas para aí. Era mais, acho
José Maria Pimentel
eu. É uma enormidade. É uma coisa, acho, completamente astronómica. Uma empresa privada, é inacreditável. É incrível. Mas
Pedro Janela
as Chinas são comuns, atenção. Empresas com um milhão de pessoas, não há muitas, mas... Muitas estão ligadas ao Estado. Estão ligadas ao Estado e muitas das que fazem produção, digamos, muitas das fábricas fazem produção de tecnologia e todas elas lá.
José Maria Pimentel
Tudo o que seja intensivo em mão de obra, no fundo, que é um bocado o que é exatamente o caso do Walmart. Isso. Mas, falando dos Estados Unidos, eu estava a pensar nisso antes, quando estava a vir para cá, que é uma dúvida que surge recorrentemente quando a pessoa faz o exercício, muitas vezes até nunca é assustada, e da pessoa olhar para uma empresa e pensar, vou internacionalizá-la. E de repente há um momento em que a pessoa entra quase num pânico mental, porque há 200 países no mundo, Obviamente que há uma série deles que não são hipóteses. O
Pedro Janela
Lusoto não conta. O Lusoto não conta
José Maria Pimentel
e o Liechtenstein também à partida não existe. Há uma série deles que a pessoa facilmente elimina, mas a partir daí a escolha torna-se difícil. Para uma empresa de serviços na área tecnológica, os Estados Unidos é evidentemente uma boa escolha, mas é necessariamente a única escolha ou é necessariamente a melhor ou entra... Ou seja, por outras palavras, que critérios é
Pedro Janela
que entram? Quais são os principais critérios? O principal critério tem sempre a ver com o preço de venda, não é? Ou seja, tu numa empresa de serviço de tecnologia vais vender um homem a hora e tu tens um nível competitivo em Portugal, portanto, se tu fores tentar competir na China, nandia, na China também, vais perder, porque o teu preço não é competitivo e não tens escala suficiente para lá competir, portanto, porque eles vendem mais baratos do que tu e provavelmente tens de ser um melhor.
José Maria Pimentel
Sim, e não há nome também, não é? Não há nome,
Pedro Janela
não. Portanto, tens de ir para mercados que te vão pagar mais, o que te limpa, digamos assim, uma quantidade de mercado relativamente grande. A segunda componente tem a ver, tu em qualquer área de exportação tens que conseguir, se vais vender serviços, tens de conseguir praticar a língua de forma quase perfeita, tens de ser um local. Ora, para um português não há muitas línguas que tu consigas praticar de forma perfeita. Reduz a três, inglês, português, e o Brasil não é bem português, e espanhol, mas é uma dificuldade o espanhol. Talvez seja mais fácil na América Latina do que em Espanha, porque os latino-americanos são mais, aceitam-te melhor do que os espanhóis a falar mal, porque tu vais dar erros de espanhol. O que não te deixamos dos mercados para tu naturalmente ires vender. Tentar vender tecnologia ou serviço aqui no mercado ao lado, boa sorte, porque é um mercado altamente competitivo, é um mercado muito proteccionista e é um mercado que não é que não te receba bem ou te receba mal, mas não vai ser fácil entrar. O que te deixa a Norte-Europa, bastante permissiva que tu lá vais vender, te deixa os Estados Unidos e digamos a América Latina. Para a América Latina é longe, são 10 horas de voo. Entrar no Brasil só com as complicações fiscais, esquece, não vale a pena. E eles, do ponto de vista de serviço, são muito melhores do que tudo. Na parte do marketing, muito melhores do que tudo. Na parte da tecnologia, enganam-te muito melhor do que tudo.
José Maria Pimentel
Há muitos. Decido-me para em parênteses rápidas e já retomamos. Um dos fenómenos mais contraintuitivos do Brasil, que é ainda um encora bem em desenvolvimento e que tem tido imensas dificuldades nos últimos anos, embora antes disso estivesse a crescer muito, é o grau de desenvolvimento do marketing deles. É muito curioso, não é?
Pedro Janela
Quer dizer, é curioso, não. É curiosíssimo. Porque
José Maria Pimentel
não coincide com os outros setores, não é? Mas tem uma razão
Pedro Janela
evidente, é uma razão legal. É o único mercado onde as agências de marketing têm por lei uma comissão toda à mídia feita. Portanto, aquilo foi um publicitário, foi
José Maria Pimentel
muito esperto e pôs numa lei, porque pagou naturalmente um político, atenção, que pudesse fazer uma coisa que fizesse assim, que pusesse assim, toda a publicidade que a Agência Incredível faz,
Pedro Janela
tem direito a 17% de comissão sobre a mídia, o que faz com que as agências publicitárias brasileiras tenham uma quantidade, num mercado bastante grande do ponto de vista de mídia, porque a mídia lá está muito desenvolvida, a televisão e tudo isso, eles têm acesso a um capital, têm muito dinheiro por causa desta razão, porque há uma lei que promete isso, mas é o único mercado do mundo onde isto acontece, em mais nenhum mercado do mundo.
José Maria Pimentel
Engraçado, não fazia ideia disso.
Pedro Janela
Portanto, o mercado existe porque está protegido pelo lei. Porque se fosse no mercado de concorrência normal já não era assim. É
José Maria Pimentel
engraçado porque eu lembro-me de olhar para o... Há um indicador que aliás é muito interessante, do Económico Forum, que é o indicador de competitividade. E aquele é um exercício ultra interessante a pessoa olhar desde logo para Portugal e olhar para vários países. E o Brasil era um caso engraçado, porque o Brasil se está construído por três pilares que pretendem ser em ordem em fases diferentes de desenvolvimento, ou seja, um país subdesenvolvido ou ainda muito emergente estará mais forte no primeiro pilar e mais fraco no segundo e terceiro, e por aí adiante, no fundo vai preenchendo os outros três. E o Brasil é engraçado porque tinha quase um crescimento, um desenvolvimento anormal, porque tinha o pilar do meio, por exemplo, ainda muito incipiente, mas o terceiro, que tinha que ver, por exemplo, Não no total, mas na parte da tecnologia, na parte do desenvolvimento de marketing, tinha lá pontos em que estava muito desenvolvido.
Pedro Janela
Tem a ver com isso, tem a ver com o mercado é protegido e tem muito dinheiro para investir e, portanto...
José Maria Pimentel
E é grande, não é? Também tem a ver com a escala, imagino. É muito grande,
Pedro Janela
portanto, falar de um mercado com centenas de... Centenas não, não chegam a 200 milhões, são 180 milhões, mas onde a publicidade televisiva tem um efeito muito grande no consumo e há um consumo de televisão muito grande, por razões históricas. O que faz com que, ou seja, em que as marcas investem do ponto de vista de mídia muito e há uma componente por lei que vai para as agências criativas, por sua vez, a investem em marketing. Portanto, os publicitários no Brasil são todos multimilionários.
José Maria Pimentel
E alguns vêm para Portugal. E
Pedro Janela
alguns vêm para Portugal porque está a haver um shift, digamos assim, e o mercado não está bem, mas eles estão a vir para Portugal não é por uma razão financeira, tem a ver com uma razão sobretudo de segurança e isso vê-se várias vezes, portanto a decisão familiar é de sair do Brasil por questões de segurança, porque a desigualdade é grande e as pessoas não querem correr o risco de estar no Brasil, portanto, e toda a
José Maria Pimentel
gente vem aqui para Portugal... Tem que andar sempre de helicóptero.
Pedro Janela
É isso, mas são os publicitários que andam, mas as pessoas que vêm aqui para Portugal, a primeira razão deles é verem a segurança. E nós temos aqui, no grupo, trabalham pelo menos três brasileiros, quatro, todos vieram pela mesma razão. Não tem a ver com
José Maria Pimentel
o qualidade. Mas está pior
Pedro Janela
agora? Está pior porque obviamente houve uma crise que nós juntos a percebemos. Sim, claro, claro. Essa crise levou a maior pobreza de alguma forma e há um descontrolo político ou social e, portanto, as pessoas sentem-se mais em risco. Também há que dizer que as pessoas que estão aqui entraram na fase da vida familiar, o que quer dizer, quando começam a ter filhos, a percepção de risco é mais elevada mesmo que não seja. Sim, exatamente. Eu vou para um sítio seguro, se eu tenho uma família, se estivesse sozinho estava bem. Não é que o risco tenha aumentado, a percepção do risco
José Maria Pimentel
é que aumentou.
Pedro Janela
Mas o Brasil tem essa componente de defesa do mercado, o que é muito boa, porque o transformou num mercado quase tão grande do ponto de vista, como o mercado americano, que é de longe o maior mercado. Sim,
José Maria Pimentel
para o sector. Mas é um bocado interrompido, porque estavas a explicar que os grandes vetores eram, por um lado, a língua, por outro lado, o preço, ou seja, a dimensão
Pedro Janela
do mercado, por outro lado, a distância. O que te deixa o Norte da Europa e o que te deixa os Estados Unidos, que é um mercado que na costa este está a 5 horas de distância, está a 5 horas de distância quando fores ali para Moscou, tanto que aqui na Europa, portanto é um mercado que está muito perto. E, portanto, a decisão de escolher entre estes mercados é simples, apesar, não estou a dizer que não haja trabalho para fazer na América Latina, não haja trabalho para fazer no Brasil, há sempre um mercado para ter, se for suficientemente bom e tiveres um produto diferente ou tiveres um flavor diferente ou tiveres uma especialidade muito rara, vais ter sempre um mercado onde quer que sejas. Numa empresa de marketing, quer dizer, não é uma especialidade assim tão rara, algumas das componentes tecnológicas nos Estados Unidos são, portanto, vamos falar de desenvolvimento de aplicações, temos a um lugar de desenvolvimento profundo de tecnologia, portanto, como é uma componente mais rara, encontramos aí um mercado. Mas eu diria que uma empresa tem que tentar entender se vai para a Norte da Europa, entre Amsterdã e, atenção, que há muitos mercados hoje em dia na Ásia que eu não conheço, que são, que falam inglês por default, pensar em Singapura, o que faz com que tu possas operar nesses mercados a todo o nível da Ásia Pacífica.
José Maria Pimentel
Sim, sim, aquela zona de Singapura. O Singapura é pequeno, tem
Pedro Janela
um Piper Capital muito grande, embora seja um país... Seja pequeno, mas depois... Mas mesmo a Malásia, por exemplo. Mas mesmo a Malásia e a Tailândia são mercados importantes ali no
José Maria Pimentel
South East Asia. E depois um Congo, que também não está muito longe. Isso,
Pedro Janela
isso, todo aquele círculo. Portanto, ficas com a Norte da Europa e ficas com os Estados Unidos, com a costa este. E a intenção dos Estados Unidos é a costa este. E mesmo que a costa este é ali entre Nova Iorque, Filadélfia, Boston, o resto são mercados. O que também há a ver que quando tu começas a partir os países na sua divisão geográfica parecida com Portugal, não há nenhum estado de Espanha que seja maior que Portugal. Há
José Maria Pimentel
certas coisas... Significa que estamos a ganhar com a partição da Polícia Liberta. De repente. Há
José Maria Pimentel
muitas coisas que têm a ver com a nossa dimensão geográfica específica, mas
Pedro Janela
quando tu olhas para a dimensão geográfica específica e te comparas, Portugal é um país rico, é um país grande, com 10 milhões de pessoas, o que não há muitos países com 10 milhões de pessoas, mesmo a nível europeu, e quando tu começas a partir em estados semelhantes, portanto, Portugal tem um PIB razoável, para… obviamente o teu PIB per capita não é bom, mas nós somos muitos e, portanto, acaba por ser um país com um grado de oportunidades. Sim,
José Maria Pimentel
é maior do... Nós tendemos a ver com um país pequeno por causa da vizinhança que temos. Isso, isso. Porque temos que passar pelo menos a dois países grandes. Sabes qual é, agora, uma parte que me lembrei, sabes qual é a maior fronteira terrestre europeia, da União Europeia? Deve ser Portugal. Portugal e Espanha. Curioso, não é? Agora foi fácil, estávamos a falar disso.
José Maria Pimentel
Não, tu não dirias isso, não dirias isso.
Pedro Janela
Dirias talvez entre a Alemanha e Polónia. Exatamente. Diria a Alemanha e a Polónia, que têm todo aquele eixo que está a um lado e ao outro,
José Maria Pimentel
digamos assim.
Pedro Janela
Nós às vezes não nos apercebemos que a Polónia é tão grande como a Alemanha. A Polónia é muito grande, sim. E estão os dois no mesmo eixo, estão os dois na mesma latitude, digamos assim, e portanto têm os dois o mesmo potencial económico. O que é um facto é que Portugal é um país grande, é um país, é uma zona, é um Estado à escala, digamos, americana, é um Estado grande, rico e com muita capacidade humana, e a incrementar também, ainda para mais agora, com o estatuto de residência não habitual, eu acho que vai ter um impacto daqui a 12 anos brutal neste país. Nós não estamos a perceber do que está a passar nos últimos tempos em que a quantidade de multimilionários da Europa, e não só da Europa, que vieram para Portugal e que pagam 0% de impostos, e no dia em que eles começarem a pagar, que é daqui a 10 anos, ou daqui a 8, ou daqui a 5, ou daqui a 12, quando eles vierem. Mas eu não tenho os números exatos e, portanto, não tenho métricas para definir isto ou para decidir isto. Mas quando este pico tiver 10 anos a seguir e 20% deles decidirem não volar, porque não o vão fazer, porque estão a 4 ou 5 anos, ou 10 anos, de... O efeito no PIB português de captação de impostos vai ser uma coisa incrível, porque são todos multimilionários. Eu tenho uma rede de empreendedores aqui em Portugal e há muitos patriados com fortunas de 100 milhões e de 150 milhões e 200 milhões e 300 milhões e de 50 milhões que se mudaram para Portugal porque não pagam impostos. Obviamente tem um efeito na economia grande porque vão pagar impostos indiretos. Claro, estão a consumir. Estão a consumir e daqui a 10 anos vão começar a pagar impostos se não se mudarem outra vez. A grande questão é se se mudam ou não mudam. Sim, mas haverá uma parte que não muda.
José Maria Pimentel
Que não muda. E
Pedro Janela
essa vai ter um efeito inacreditável na economia portuguesa que só se vai ver daqui a uns tempos. Portanto, eu acho que a estratégia do, digamos, do residente não habitual é uma estratégia mal comunicada, porque só agora é que está a começar a ser percebido. Eu tenho conversas, mesmo com portugueses que vivem há muitos anos fora, imigrantes que não conhecem a lei e que nos diziam, não, não, mas olha que tu como vives há mais de 30 anos fora, como vives há mais de 5 e não és residente fiscal ativo, no dia em que tu mudares pagas 0% de impostos se não tiveres um trabalho por conta do trem. E como tu só vives de pensão, de rendimentos de sociedades ou de rendimentos imobiliários, pagas 0%. E as pessoas não sabem isto, incluindo imigrantes ricos portugueses, o que é uma coisa... É incrível.
José Maria Pimentel
Que é um absurdo! Que é um absurdo. E ele disse-me, mas eu fui ao consulado português e eles disseram-me que não. E tu sabes o quê? E no outro dia estive com outro que vive, é um português, vende uma
Pedro Janela
grande empresa americana, uma delas as reuniões e vive na Ilha de Mar. Não, desculpa, na Ilha de Jersey.
José Maria Pimentel
Sim, que teve agora...
Pedro Janela
E que paga alguns impostos, não é zero.
José Maria Pimentel
Estávamos à mesa de almoço com ele e dizíamos, mas como é isso? Epá, oh Eduardo, é assim, tu mudas para Portugal e tu pagas 0% de impostos durante 10 anos, mas zero, zero, 0, 0. As pessoas não sabem disto. E eu não sei se foi por defeito, ou por acaso, ou por incompetência, mas estamos a falar de, nos dias de
Pedro Janela
hoje, a nível global, de uma das nossas maiores capacidades de atração de gente boa, e de riqueza, e de pessoas que vão desenvolver totalmente isto. Destas pessoas que vieram para Portugal e que vivem cá, estamos a falar de empresários bons, com capacidade de investimento, que querem fazer coisas aqui e que gostam do sítio e depois acabam por se apaixonar por isto. Sim,
José Maria Pimentel
uma vez cá, eu intuitivamente acho que a medida tem o seu quê, embora seja racional economicamente, tem o seu quê de politicamente incorreta, não é? Porque é uma medida que está a usar dois pés e duas medidas, e num país muito atreito às invejas, por exemplo, é uma medida que às vezes é difícil de digerir. É possível,
Pedro Janela
mas o país não sabe dela. Se tu fores perguntar a 99% da população portuguesa sobre o que é que é o residente não habitual, ninguém te sabe explicar. E Eu acho que a razão de não saber internamente é política.
José Maria Pimentel
Sim, para não dar demasiado nas vistas.
Pedro Janela
Não dar demasiado nas vistas. 99% das pessoas não sabem disto.
José Maria Pimentel
E há países que se queixam disso. Eu lembro de ver uma notícia do
Pedro Janela
Jornal Britânico. Da Suécia e da Inglaterra, sim. Que
José Maria Pimentel
eles se queixavam que o AIR, mais os reformados, que eles vinham para cá e recebiam reforma do Estado britânico,
Pedro Janela
vinham gastar lá cá.
José Maria Pimentel
0% de impostos. Não pagavam
José Maria Pimentel
impostos cá, é certo, mas pagavam os indiretos. Pagam os indiretos cá, sim. E deixavam de pagar os...
Pedro Janela
Eu acho que quem inventou isto, e não sei quem foi, obviamente tem esse dois pés e duas medidas, mas do ponto de vista da sobrevivência de Portugal, quando se olha para a história daqui a 50 anos, essa decisão e a decisão do visto dourado são duas decisões muito polémicas, mas são duas decisões que vão alterar o panorama social português, que vão alterar e que estão a alterar a captação de impostos indiretos e que a 10 anos vão alterar o mix de impostos que são pagos em Portugal, porque uma fortuna destas começa a pagar 20% de impostos, estamos a falar de 1 milhão ou 2 milhões por ano. Ou seja, para tu teres uma massa de pessoas que pagam 1 milhão ou 2 milhões de impostos por ano, estamos a falar de centenas de pessoas, em média. Portanto, vai fazer alguma diferença E por isso é que quando as pessoas dizem que isto vai a... Estamos a falar de um movimento que eu sinto a crescer. Portanto, quando uma pessoa vai a Cascais e quando a
José Maria Pimentel
pessoa vê esta malta toda que a gente vê para Portugal nos dias de hoje, a razão é fiscal. A razão é fiscal. Os grandes gostam muito disto. Nada. A razão
José Maria Pimentel
é fiscal. Claro, gostam
José Maria Pimentel
depois. Mas porque é que a Mónica Beluzzi viveu, pá, é fiscal, e o Ane Katana é fiscal, pá, e o Felipe Starck é fiscal, pá, o gajo paga 0% de impostos, pá. E pronto, portanto, eu acho que a malta ainda não se apercebeu disto, mas estamos a afastar-nos do marketing, e tu já disse que tu não pensas sobre marketing, mas...
José Maria Pimentel
Nada, conversa é conversa, não é necessariamente sobre o marketing, mas ainda antes do marketing, falando, uma coisa que disseste à pouco a propósito daqueles vetores que no fundo comandavam estrategicamente o pensamento da internacionalização e aquilo que eu achei interessante nisso é que a maior parte desses vetores seriam à partida estranhos numa era da globalização, porque pelo menos dois deles são quase antigos. Um, língua, o outro, distância. É pá, mas... Não, para mim não é novidade nenhuma porque, na minha opinião, a globalização é um fenómeno que é obviamente real, mas que a certo ponto foi um bocadinho exagerado. Mas acho que é contraintuitivo, não é? Porque a pessoa pensa que a globalização é aquela história do Thomas Friedman do flat
Pedro Janela
world, o mundo é plano. O mundo é plano.
José Maria Pimentel
Não é? Não é, não é, não é. Longe disso, não é? O mundo não é... Vais lá ver, para quem faz
Pedro Janela
negócios baseados totalmente em digital, de facto, consegues vender serviços tu próprio para uma pessoa qualquer do outro lado do mundo, de forma plana e imediata, apesar das diferenças horárias serem um constrangimento. Do ponto de vista empresarial, para quem está neste negócio de homens, hora e de serviço e de pensamento estratégico, nada disso. Portanto, quando tu tens que te meter num avião e de um lado ou outro no mundo, se tu vais para Nova Iorque tens um plano de viagem, se tu vais para São Francisco tens outro, e para São Francisco, se eu passar lá uma semana, é um erro. E para Nauberto, se eu passar lá dois dias, tu vais a Londres, vais a ver no mesmo dia. Portanto, a tua maneira de gestão, que é muito face to face, e é naturalmente os negócios que eu não sei fazer porque eu conheço pessoas de relações, de confiança, de olhos nos olhos, e eu confio em ti, tu confias em mim, dá cá um negócio que eu sei que tu vais fazer.
José Maria Pimentel
Sim, nada substitui isso. Nada substitui
Pedro Janela
isso. E isso necessita de proximidade, necessita da mesma língua, necessita de bom entendimento, não é possível fornecer serviço a ninguém em que o entendimento a 100% do que foi dito numa língua é entendido por ti. E em espanhol, por exemplo, às vezes é difícil, nós achamos que entendemos tudo, mas não entendemos tudo.
José Maria Pimentel
Claro, não entendemos as nuances sobre tudo.
Pedro Janela
E no Brasil é assim, não é? Portanto, eles não te entendem, portanto, tu tens que reverter para a língua deles, apesar de nós acharmos que no Brasil e França não falam a mesma língua. Portanto, Há uma série de coisas que tu dizes do ponto de vista de negócios, eles não estão a entender. Mas deixa-te com esses dois e depois quais são as populações ou as civilizações mais abertas a outras culturas? São de facto as anglo-saxónicas, por razões de eles sabem que se abrirem vão conseguir vender tudo que eles têm lá para vender a quem querem. Eles estão sempre contra isto, portanto, é uma questão de... Eles já estão na segunda derivada enquanto nós estamos aqui a ver se... E agora nos Estados Unidos é um bocadinho diferente, estamos a ver se nos defendemos. Não, Eles sabem que se abrirem vão-te empacotar as porcarias todas que lá têm para vender, vão-se ir a ganhar, porque têm muito mais para te vender do que tu tens para lhe vender a eles. Portanto, é uma... Porque o mercado e o modelo de vendas e de marketing e de sales engine deles está muito mais à frente que a maior parte das outras economias, porque eles têm sempre a ganhar. Claro, claro. Eu sei que é mais um enfimento em tecnologia, portanto, a decisão de internação acaba por cair nessas duas. O mercado americano tem uma dificuldade grande, chamada a dificuldade, se tu queres mandar para lá alguém, melhor, tem duas dificuldades, A primeira é, para contratar-se um americano é relativamente caro de fazer, portanto, à escala de uma empresa portuguesa, vai estar a pagar... A pessoa mais bem paga da tua estrutura é o gasto de contratar-se um norte-americano. A primeira dificuldade. E isso é um mindset difícil, ou seja, não é para todos, porque ele vai ganhar mais que o seu, e é basicamente isto que só vai passar. A segunda dificuldade tem a ver com a exportação de pessoas para lá. Portanto, os vistos têm alguma dificuldade, ele demora algum tempo e hoje em dia o que se sente é que há um maior, digamos, um maior controlo das entradas a passar de deliumes e de vistos de negócios. E que na Europa isso não acontece, e portanto acaba por ser muito mais rápido, fácil e eficiente ires vender a um mercado americano, um mercado de UK ou de Amsterdão, que acaba por ser uma capital laboral e profissional da Europa, do que ires vender a uma… e no Norte da Europa, nos países escandinavos, todos eles te recebem bem, do que vender nos Estados Unidos, apesar de que os Estados Unidos abrem-te uma perspectiva maior e mercados maiores, mas no mercado americano tu tu demoras três anos até conseguires fazer um marketing com alguma, tens que ganhar a rede social que te vai impulsionar e isso custa a fazer.
José Maria Pimentel
Claro, neste caso para a tua empresa isso aconteceu, não sei se aconteceu por acaso ou se foi, quer dizer, não estará a ser uma estratégia deliberada desde o início. Foi, foi, foi. Mas isto o que? Fazer a internacionalização relativamente tarde. Tarde no sentido de esperar, porque há muitas empresas que se precipitam, a meu ver, erradamente. Mas eu não sei se partilhaste dessa opinião. Eu acho pouco prudente uma empresa que antes de se consolidar no mercado de raiz, antes de se internacionalize. Porque no fundo, aquele é o mercado que conhece melhor. O outro mercado depois pode evoluir e até se tornar uma empresa internacional.
Pedro Janela
Eu acho que a tua decisão, e é uma decisão que nós não tomámos na altura da criação, é em que mercado tu queres começar. E isso, quando eu olho para trás, tu podias ter pensado assim, em migras, e faz lá a empresa. E tu tens muitos congénitos teus, a nível europeu e a nível americano, em que a empresa foi criada de
José Maria Pimentel
raiz nesse mercado, em que o fundador se mudou para lá e que fez a diferença toda. Mas tinha, tem que ter uma rede de relacionamentos, tem que ter... Isso nos
Pedro Janela
Estados Unidos, se tu lá estiveres permanentemente é fácil de fazer. Mas tem que é construir, não é? Mas Não há nenhuma cidade que não tenha meetups, associações, drinking, friend of a friend, tudo business asistent. A primeira coisa que eles fazem é toma lá um cartão, o que é que tens para mim? Toma lá um cartão, o que é que tens para mim? Se tiveres alguma coisa diferente, há coisa que vai para aí acima. Portanto, é um mercado muito permissivo a conhecer novas pessoas e sobretudo se for um fundador que tem ingrained essa forma de estar, é-te muito fácil de começar. A tua decisão é onde é que tu começas. E tipicamente o empresário português pode começar aqui. E se começa aqui, de facto concordo contigo. Até tu conseguires interacionalizar, tens de ter aqui uma base feita, porque tu não vais conseguir estar num instituto. Tem de ser uma decisão a 100%, tens de teres uma determinada escala para depois poderes fazer a internacionalização de forma secundária, já não houve fundador a fazer isso. E para tu fazeres isso tens de ter capital, tens de ter uma estrutura de recurso suficientemente grande para tu já não seres a pessoa que está no dia-a-dia. Nós só fizemos a interatilização 12 anos depois, porque fui eu que a fiz e eu já não estava no dia-a-dia. Portanto já houve uma estrutura, na altura de 150 pessoas, que mantinham o barco aqui a rodar e eu já podia fazer outras coisas. Pois tu tiras o olho do boi aqui, e lá está o mercado português, é suficientemente grande para tu não precisares interagir no primeiro momento, pelo menos nalguns mercados, o que faz com que tu só pudesses ir para outros quando já tens aqui uma base instalada suficientemente grande. Agora, a dor nos Estados Unidos é que vai demorar 10 anos a ser alguma coisa lá. Mas isso, porque tu aqui também foi a mesma coisa, também demoraste 10 anos de insistir.
José Maria Pimentel
Sim, essa é a parte mais difícil,
Pedro Janela
não é imediato. Não é imediato, e demora tudo muitíssimo tempo, e portanto, quando a malta acha que isto é de um dia para o outro, foram 16 anos e onde serão os 16, não é? Exato.
José Maria Pimentel
Sim, e não acaba, em certo sentido. E, portanto, com muitos erros e com muita coisa e por aí adiante. Mas
José Maria Pimentel
devemos terminar a olhar para a frente. Eu achava engraçado saber a tua opinião em relação às tecnologias que estão a ir a surgir. Há várias coisas, no outro dia estava a ler sobre a realidade aumentada, por exemplo, que eu acho que é capaz de vir a ter um papel grande no marketing, isto é, na relação com o consumidor. Tu tens estado a olhar para quê ultimamente?
Pedro Janela
Epá, eu não acho que a realidade aumentada, quando tu no marketing, tu só tocas na tecnologia quando surge alguma coisa no mercado que vai ser de massa, pelo menos do ponto de vista de manutenção, tu não podes fazer eventos, exposições.
José Maria Pimentel
Não, mas faz sentido, isso faz todo sentido. Eu não vejo no mercado hoje nada que me
Pedro Janela
diga que amanhã 20%, 30% dos consumidores vão usar o relativamente alto. Não acho que seja o mercado, do ponto de vista das marcas, além de um gimmick ou outro, que vá alterar a percepção dos consumidores. E, portanto, podes fazer uma coisa ou outra, mas não acho que o caminho seja relativamente alto. Do ponto de vista de novas tecnologias, o que tu sabes hoje em dia é que a interação por voz vai fazer uma diferença relativamente grande, e isto tem a ver com as soluções da Amazon, o Amazon Echo, neste caso o Google Home, e a entrada do HomePod da Apple através da Siri, e portanto, e toda a facilitação do acesso de serviços e de compras vai ser feita pela via da voz.
José Maria Pimentel
Voz, estamos a falar de inteligência artificial. Ou
Pedro Janela
seja, tu falas com o aparelho, ele entende e faz o que tu queres fazer. O que nos Estados Unidos, estamos a falar de um mercado que mais cresce, que é dominado a 70% pela Amazon, diga-se passagem. Ou seja, tu mandas vir o Uber e tu mandas vir as compras só por falares com o aparato. Em Portugal, isto vai demorar muito tempo, por três razões, porque a Amazon não está em Portugal ainda, porque a Amazon Echo não entende português ainda, e porque naturalmente até isto acontecer vou demorar mais 5 anos.
José Maria Pimentel
Sim, é uma série de infraestrutura até de suporte mesmo em casa.
Pedro Janela
Eu tenho duas em casa, portanto eu controlo as luzes com aquilo e mando vir o Uber com aquilo se quiser, portanto, atenção, não... Tenho que falar em inglês, tenho que falar em inglês, o que é um bocado ridículo, estás em casa...
José Maria Pimentel
Lights on! Come on, bate, bate estúpido! Casa portuguesa, não é? Dizerem lights on, e as luzes ligam, se desligam, se liga a televisão... E tempo esquece de dizer em português e aquilo não funciona. Não funciona, nada, esquece. E, portanto, acho que a voz vai ter um impacto muito maior nesta interação fácil do que
Pedro Janela
outra coisa qualquer. Isto eu diria nos próximos 5 anos, 6 anos. A 20 anos, Eu acho que a próxima grande alteração, e vai demorar 20 anos a fazer, tem a ver naturalmente com a maior velocidade da computação quântica, que é algo que nos próximos 20 anos vai estar em cima da mesa e, portanto, vai permitir processar coisas a 100 milhões de velocidade em dados não exatos, o que nos vai aproximar mais do que a computação humana. E a segunda é o advento dos interfaces com o cérebro humano em tempo real e no dia em que isso acontecer, em que tu conseguires transmitir no teu cérebro e a máquina e a máquina do teu cérebro informação que não passa pelos olhos e que não passa pelos olhos ou pelos ouvidos, o mundo vai mudar outra vez. E eu acho que isso deve estar a 20, 25 anos de acontecer. É, engraçado. Em que tu colocas uma coisa qualquer aqui no cérebro, a computação é tão rápida que ele entende as alterações das ondas cerebrais e que consegue influenciar e consegue ler aquilo que estás a pensar e consegue, consegue te injetar conhecimento e consegue retirar decisões, porque na prática é isso que o cérebro
José Maria Pimentel
acaba a fazer. Sim, no fundo, tudo começou connosco a falar a linguagem dos computadores por código, depois um passo mais à frente escrevendo na nossa linguagem, mas o código sem interpretado, outro passo ainda, falando que é o atual, e esse passo é nem ter que falar.
Pedro Janela
É só ter que pensar.
José Maria Pimentel
Isso é engraçado porque eu estava a conversar com a Arlinda Oliveira há uns episódios atrás sobre inteligência artificial. A nossa conversa foi sobre inteligência artificial, mas bem para frente. No fundo, olhando mesmo para o longo prazo, inteligência artificial do nível humano, sim ou não, consequências e limitações, a questão da consciência, uma série de coisas. Mas lembro-me de termos falado de uma questão que é, e que às vezes é fácil a pessoa esquecer-se, que é tudo isto tem que ter sempre o racional económico por trás, uma lógica económica, ou seja, há muitas coisas que até poderiam vir a ser feitas e que não estão a ser exploradas porque não há interesse económico ali. E o contrário também é verdade, há outras que até podem ser mais simples e ou até parecerem laterais mas como tem o interesse económico, essa questão de controlar o pensamento tem o interesse económico evidente. E os passos que têm sido dados nesses interfaces de voz que conseguem ler, compreender a chamada linguagem natural, que é a nossa língua, têm tido um crescimento grande porque aquilo tem vantagens para o consumidor
Pedro Janela
enormes. E o próximo passo é só pensar.
José Maria Pimentel
Sim, exatamente. Pedro, obrigadíssimo.
Pedro Janela
Nada, foi um prazer estar aqui contigo. Obrigado pelo convite e continue a fazer 100, 20 mil, o que for que faça.
José Maria Pimentel
Obrigado. E que vão diretamente ao cérebro, que é muito mais fácil.
José Maria Pimentel
Exato, pois. Mas assim fico desempregado, não tenho o que falar. Têm gostado dos últimos episódios? Se ainda não o fizeram, subscrevam o 45° na vossa aplicação de eleição, no vosso smartphone, tablet, etc. Se gostarem mesmo do podcast, convido-vos também a partilhá-lo com amigos e a avaliá-lo no iTunes. É também importante para mim saber o que vai na cabeça de quem ouve o podcast desse lado. Por isso são muito bem-vindos, feedback, críticas e sobretudo sugestões de temas e convidados futuros. Obrigado e até ao próximo episódio. Legendas pela comunidade Amara.org